Nonato Guedes
O deputado federal Efraim Filho, do Democratas, tem consciência de obstáculos a transpor para consolidar a candidatura ao Senado nas eleições de 2022, que resolveu abraçar como meta política pontual da sua trajetória, mas observa que se trata de um projeto em construção avançada. Cita como grande aliado e parceiro nessa empreitada o senador Veneziano Vital do Rêgo, presidente do diretório estadual do MDB e primeiro Vice-Presidente do Senado, que foi o primeiro a hipotecar apoio à sua pretensão. “Desde o primeiro momento, o senador Veneziano mostrou muita solidariedade e parceria”, define o líder da bancada paraibana em Brasília. Ele deixa claro, ao mesmo tempo, que continua apostando fichas no apoio do governador João Azevêdo (Cidadania), que diz ser valioso para pavimentar a evolução de sua candidatura.
– Nossa luta, tanto minha quanto de Veneziano, é fazer composição com o governador João Azevêdo, que expressa o arco de alianças que ajudamos a construir lá atrás. Estivemos na luta para eleger o governador João Azevêdo – recorda Efraim Filho. Ele está bastante interessado em discutir a formação da chapa com o chefe do Executivo, que será candidato à reeleição, salientando que aguarda um chamamento da parte do governador, que por sua vez dá prioridade à pauta administrativa, deixando para mais adiante a discussão política propriamente dita. Essa posição cautelosa de Azevêdo tem tido compreensão junto a aliados, em face da complexidade de questões que precisam ser resolvidas, como a posição dele no jogo da sucessão presidencial e a habilidade para acomodar palanques locais sem perda de substância no projeto da própria candidatura à reeleição.
O fato novo do reingresso do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) nas hostes do PT tem atrapalhado a equação do apoio do governador João Azevêdo à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diante das dificuldades notórias de convivência entre ex-aliados da campanha de 2018 que se separaram passado pouco tempo da troca de guarda no Palácio da Redenção. João Azevêdo já deixou patente que está de braços abertos para apoiar o ex-presidente Lula, já que não tem nenhuma afinidade com o presidente Jair Bolsonaro nem seu partido acena com candidatura própria à presidência da República. Mas Azevêdo já emitiu o recado de que o seu estilo de fazer política não passa por “tratorar” ninguém, daí porque não aceitará imposições que porventura contrariem sua índole e suas convicções que são do conhecimento público.
No que diz respeito ao deputado Efraim Filho, ao mesmo tempo em que acompanha as oscilações da conjuntura política paraibana para o próximo ano, mapeando possíveis concorrentes no páreo pelo Senado e reforçando o capital de apoios de que necessita, ele se mantém antenado com as mudanças que estão agitando o Congresso Nacional na fase atual, envolvendo definição de regras para o pleito vindouro, algumas das quais tendem a ser derrubadas pelo Senado depois de terem passado pelo crivo da Câmara dos Deputados. O democrata paraibano votou, por exemplo, pela volta das coligações entre partidos nas eleições de 2022, por entender que o fim dessas composições tenderia a colocar em risco a sobrevivência de legendas menores, sobretudo em Estados pequenos, onde as dificuldades de formação de chapas são maiores, como a Paraíba.
Na análise do deputado Efraim Filho, a volta das coligações tornou-se imperiosa como compensação por ter afastado o “distritão”, proposta que entrou em exame na Câmara mas que foi derrubada por não angariar consenso. Lembrou que o distritão era criticado exatamente porque provocaria o enfraquecimento dos partidos e afetaria a unidade em torno de princípios ideológicos que são defendidos. “Mas o desfecho das polêmicas passa, evidentemente, pelo Senado”, anuiu o parlamentar paraibano. O problema é que, ontem, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), prognosticou que a PEC da reforma política aprovada pela Câmara deve ser rejeitada naquela instância. Pacheco defendeu a manutenção do sistema atual, com eleições proporcionais para a escolha de vereadores e deputados. “Não necessariamente o Senado vai convergir com a posição da Câmara, mas é importante se manifestar através da votação em plenário”, argumentou Rodrigo Pacheco.
O deputado Efraim Filho, pessoalmente, tem a expectativa de que o Congresso produza consensos que não estimulem desigualdade para candidatos a eleições majoritárias como a que ele vai enfrentar, migrando da Câmara para a travessia de conquistar uma vaga no Senado, na repetição de caminho que foi trilhado pelo seu pai, Efraim Morais, que foi atuante e ocupou postos de destaque na Mesa da Casa. O grande trunfo em que Efraim Filho aposta é na capilaridade da sua candidatura como desdobramento da ação política e parlamentar que tem desempenhado em mandatos na Câmara. Considera-se preparado para alçar voos maiores e para defender à altura os interesses da Paraíba e contribuir para o êxito da sua governabilidade. “Vencida a fase de acertos preliminares, a população da Paraíba terá a oportunidade de conhecer as minhas ideias e avaliar a importância de me dar um voto de confiança para representá-la. Ninguém mais do que eu tem interesse nesse debate”, conclui o pré-candidato a senador.