Nonato Guedes
O governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania) participará amanhã, de forma remota, da reunião do Fórum Nacional de Governadores, convocada para ocorrer em Brasília, a fim de discutir a crise entre os poderes e adotar estratégias visando defender o sistema democrático e melhorar a relação entre os Poderes Executivo e Legislativo. Segundo informações da CNN Brasil, o encontro foi convocado após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entregar ao Senado pedido de impeachment contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, por ter decretado a prisão de apoiadores do mandatário envolvidos em atos antidemocráticos.
Os governadores do Piauí, Wellington Dias, e de Rondônia, Marcos Rocha, respectivamente, irão participar do encontro de maneira presencial e serão recepcionados por Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal. Os demais governadores participarão de forma remota. Os governadores do Rio de Janeiro (Cláudio Castro), Paraná (Ratinho Júnior) e do Tocantins (Mauro Carlesse) não confirmaram presença até agora. Além da pauta principal, os governadores também vão discutir a alta no preço dos combustíveis e uma pauta pró-sustentabilidade, com a assinatura de compromissos com o clima que permitam aos governos estaduais se habilitarem à obtenção de financiamentos internacionais.
Os principais articuladores do encontro são Wellington Dias, que é do PT, e João Doria, do PSDB, de São Paulo, pré-candidato a presidente da República. Nos últimos dias, os gestores estaduais trocaram impressões por chamadas de video sobre a conjuntura nacional, demonstrando inquietação com o confronto alimentado pelo presidente Jair Bolsonaro com as instituições, a partir da decisão de protocolar no Senado pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, tendo acenado, também, com a possibilidade de reivindicar o impeachment do ministro Luís Roberto Barroso, do Tribunal Superior Eleitoral. Bolsonaro tem se irritado com Alexandre de Moraes por punir apoiadores do presidente que atuam em manifestações antidemocráticas, a exemplo do ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, que teve sua prisão decretada. Esta semana, o cantor e ex-deputado Sérgio Reis enfrentou mandados de busca e apreensão de documentos em endereços particulares, após o vazamento de falas em que atacava ministros do STF, com sugestões para represálias a eles. Nas últimas horas, Reis se disse arrependido e desabafou que não é “um bandido”.
Os governadores de 24 Estados que têm discutido a conjuntura institucional do país não escondem sua preocupação com o que chamam de “escalada autoritária” estimulada pelo presidente da República, lamentando que Bolsonaro não consiga dialogar com os representantes de instituições e prefira apelar para expedientes antidemocráticos. Na esfera do Judiciário, diz-se que a irritação com Luís Roberto Barroso ainda é remanescente da polêmica sobre o retorno do voto impresso, que foi derrotado na Câmara dos Deputados, e da orquestração montada por Bolsonaro para tentar convencer a opinião pública de que o sistema eleitoral, baseado na urna eletrônica, é suscetível a fraudes. Apoiadores de Bolsonaro em vários Estados estão se mobilizando e anunciando programação de atos para os dias que antecedem as comemorações do Sete de Setembro, marco da Independência do Brasil. O receio de autoridades do Judiciário é que as manifestações descambem para um clima de convulsão social incontrolável no território nacional.