Nonato Guedes
O jornalista Rubens Nóbrega, um dos mais respeitados profissionais de comunicação da Paraíba, com passagens pela Universidade Federal e por editorias e redações de jornais impressos, na fase áurea desse tipo de jornalismo, informa que a sociedade local conta agora com um serviço de acompanhamento e análise das informações divulgadas por qualquer meio de comunicação no Estado. Trata-se do Observatório Paraibano de Jornalismo (OPJor), que fará crítica de mídia, checagem dos fatos e pesquisa sobre qualidade e acessibilidade das informações jornalísticas. A iniciativa é de jornalistas profissionais e de professores da área.
O Observatório está institucionalmente criado junto ao Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e os primeiros conteúdos já estão disponíveis em seu blog e através de perfil no Instagram. Um dos últimos assuntos abordados diz respeito a decisão da Justiça, acolhendo ação do Ministério Público Federal na Paraíba, que anulou as concessões públicas que davam ao deputado federal Damião Feliciano (PDT) o poder de explorar em benefício benefício as rádios Panorâmica FM, de Campina Grande, e 105.5 FM, de Santa Rita. O Procurador da República José Godoy e o Defensor Público Bráulio Santos explicaram em artigo publicado no Observatório porque concessões como essas devem ser barradas e revogadas.
– A outorga de concessões de rádio e TV a políticos e seus familiares, prática antiga e ainda frequente no país, interfere diretamente no processo democrático. Isso porque políticos e famílias de políticos passaram a utilizar as emissoras para promover suas ações e seus nomes (…) em detrimento de outros candidatos com quem disputam mandatos”, ressaltam os autores. Na sua página inicial, sob o título “Quem Somos”, o Observatório Paraibano de Jornalismo revela que seu objetivo central é contribuir com a melhoria do jornalismo local, por informação confiável, verificada, acessível e de qualidade e por desempenho ético dos jornalistas profissionais, das organizações jornalísticas públicas e privadas e da mídia independente.
O OPJor atua em quatro vertentes: crítica de mídia, combate à desinformação, monitoramento de acessibilidade e gestão da qualidade de informação jornalística. Formado por uma rde de observadores, com representação nas diversas localidades, da capital ao interior do Estado da Paraíba, o Observatório reúne jornalistas, profissionais, pesquisadores, estudantes de pós-graduação e graduação que se dedicam voluntariamente à análise crítica de material jornalístico divulgado na internet (blogs, portais institucionais, comerciais, redes sociais, digitais, mídia impressa (jornais e revistas) e eletrônica (rádio e tevê). Agrega, além dos profissionais de comunicação, nomes expressivos de outros setores da sociedade civil não diretamente ligados à atividade jornalística, mas cumpridores de fazeres e detentores de responsabilidades essenciais ao funcionamento do sistema democrático, de interesse público e vigilantes de fatos socialmente significativos expostos pela cobertura jornalística.
Rubens Nóbrega, que introduziu inovações na imprensa paraibana, atuando, ele mesmo, no papel de “ombudsman” no jornal “Correio da Paraíba”, acrescenta que em tempos de proliferação de fake news, disseminadas por agentes públicos e outras fontes a serviço de grupos lobistas da sociedade, é fundamental o fortalecimento da credibilidade jornalística, em paralelo ao aprimoramento do papel do jornalismo com foco no respeito à promoção e proteção dos direitos humanos, civis, políticos e culturais. “No âmbito do Observatório, a crítica de mídia conjuga preocupações com a desinformação, acessibilidade e qualidade da informação. Ainda mais neste momento em que pessoas e instituições comprometidas com o Estado Democrático de Direito no Brasil e no mundo são agredidas por notícias falsas e desvirtuamentos de fatos e dados que ameaçam direitos fundamentais, vidas humanas e a própria democracia. O OPJor também reserva espaço à autocrítica através de sua Ouvidoria, à qual poderão se dirigir seguidores e leitores com sugestões, críticas, reclamações, solicitações ou elogios ou ao serviço que o Observatório se propõe realizar como bem coletivo e acessível em favor do melhor jornalismo da Paraíba”, informam os responsáveis pela iniciativa, que alcançou a mais ampla repercussão positiva na opinião pública.