Nonato Guedes
O senador Jean Paul Prates, do PT do Rio Grande do Norte, pediu aos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que respeitem o “Consórcio Nordeste”, formado por representantes de governos dos nove Estados da região, criticando as tentativas de desqualificação da seriedade dos negócios que são realizados pelo referido Consórcio em favor da população. “Quanto mais as revelações da CPI da Covid fecham o cerco em torno de Bolsonaro e de seu núcleo mais próximo, mais empenhados ficam os governistas em desviar o foco das revelações da CPI, e um exemplo é a fixação de apoiadores de Bolsonaro com o Consórcio Nordeste. É a “versão CPI” do eterno bordão bolsonarista, cada vez que as infrações do presidente são expostas à luz: “E Lula? E o PT?”, repetem os sonâmbulos”, declara o parlamentar, em artigo publicado no site “Congresso em Foco”.
Para Jean Paul Prates, o trabalho investigativo da CPI da Covid deixa cada vez mais claras as negociatas realizadas entre empresas nada sérias e integrantes do governo Bolonaro. “Na escandalosa farra das vacinas, por exemplo, a compra dos imunizantes foi transformada em uma oportunidade de encher os bolsos de espertalhões, insensíveis às 573 mil mortes, ao sofrimento das famílias enlutadas e dos 20,5 milhões de infectados pelo coronavírus”, ressaltou. Ele revela que, para tentar se contrapor a denúncias contra Bolsonaro, os apoiadores deste investem contra o “Consórcio Nordeste”. Mas lembra que o Consórcio foi uma articulação dos governos nordestinos organizada para fazer frente à incapacidade de Bolsonaro de implementar políticas de desenvolvimento regional ou até mesmo de respeitar as relações federativas com a região que o rejeitou nas urnas e continua a entendê-lo claramente como o que é: um mau governante.
– O Consórcio Nordeste – assinala o senador – reúne pessoas extremamente sérias, que trabalham em diversas frentes para contribuir com o andamento das demandas e necessidades de 54 milhões de habitantes. Por meio do consórcio, os Estados fazem compras coletivas, que economizam o dinheiro público. Comissões organizadas trabalham em agricultura familiar, em saúde pública, em educação. Experiências locais de sucesso são compartilhadas. Pois bem, quando Bolsonaro afirmava que a Covid-19 era uma mera “gripezinha”, que ia matar uns cinco mil, como se os cinco mil não fossem gente, os nove Estados do Nordeste, no âmbito do Consórcio, tomaram uma série de providências que efetivamente salvaram vidas nos Estados da região.
O senador informa que, “em meio às tratativas para compras de vacinas, como a negociação com a russa Sputnik, até hoje sabotada pelo governo federal, máscaras, respiradores e outros equipamentos, o Consórcio Nordeste topou com uma empresa inidônea, que vendeu respiradores e não entregou. Ao contrário do governo Bolsonaro, onde os picaretas das vacinas têm trânsito livre e boa guarida, o caso dos respiradores está sendo investigado por iniciativa dos governos do Nordeste. Esses são os fatos por trás da insistente ladainha que visa desviar a atenção das descobertas escabrosas da CPI da Covid. É uma tentativa canhestra de forjar a versão de que as irregularidades, a velhacaria e a delinquência que têm marcado a atuação do governo federal em seu suposto “enfrentamento” da pandemia fosse um comportamento que se espraia indistintamente por Estados e municípios, como se isso pudesse mitigar o crime patrocinado pelo governo Bolsonaro contra a vida dos brasileiros e brasileiras.
Na tentativa de mudar de assunto, segundo Jean Paul, os bolsonaristas se abraçam a um “espelho defletor” inócuo: como não há verbas federais envolvidas no golpe sofrido pelo Consórcio Nordeste, o caso não é objeto da investigação da CPI da Covid no Senado, tendo sido denunciado pelo próprio Consórcio Nordeste e estando sob tratamento no âmbito do Ministério Público e da Justiça. “No Senado, o que vamos apurar e punir são as consequências da incompetência, da inércia, da incapacidade e da deliberada atuação do governo Bolsonaro em desfavor da coordenação dos esforços para dotar o País dos equipamentos e vacinas para enfrentar a pandemia. No mais, respeitem o Consórcio Nordeste!”, exorta o senador, que é líder da Minoria no Senado Federal. A Paraíba se faz representar no Consórcio através do governador João Azevêdo (Cidadania), que em suas declarações menciona sempre a “transparência” das iniciativas que são executadas em favor da região.