Nonato Guedes
No dia da reunião de governadores estaduais para debater medidas preventivas diante de atitudes do presidente Jair Bolsonaro, consideradas ameaçadoras à democracia, o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PSB, advertiu que “diante dos últimos posicionamentos do presidente, tudo indica que o chefe do Executivo tentará invadir o Congresso Nacional ou mesmo o Supremo Tribunal Federal em uma tentativa de golpe. “Acho que a atitude nesse momento deve ser de serenidade, porém, de firmeza porque mesmo que ele, Bolsonaro, não tenha êxito nessas tentativas de invadir o Congresso ou o Supremo, coisas desse tipo, tudo indica que algo desse tipo será tentado. E, ao tentar, já há vítimas. Nós vimos isso no Capitólio, nos Estados Unidos, e temos que evitar essa confrontação entre brasileiros”, adiantou.
Numa entrevista ao UOL, o governador do Maranhão insistiu em que a paz deve prevalecer, juntamente com o respeito às regras da democracia. Para ele, a reunião convocada entre governadores foi um sinal claro de que os ataques de Bolsonaro às instituições preocupam os políticos. “Nossa preocupação é até onde isso vai. Essa campanha de desmoralização, de agressões contra os ministros do Supremo Tribunal Federal, contra suas famílias, por exemplo, vai conduzindo, mediante a deslegitimação dessas instituições, ao seu enfraquecimento e, por conseguinte, golpes podem ser tentados”, ressaltou Flávio Dino. Flávio Dino admite que tais ameaças possam até mesmo não ocorrer, mas preveniu: “Não convém experimentar porque os ônus dessas tentativas já são muito grandes. Então, nós temos que ter uma atitude séria porque essa gente, infelizmente, não conhece limites”.
Questionado pela apresentadora Fabíola Cidral sobre o que os governadores podem fazer para evitar um golpe de Estado, Flávio Dino apontou que é importante a articulação política entre governadores e parlamentares estaduais e federais, bem como “manter as polícias nos trilhos da legalidade”, emendando: “Estes são caminhos possíveis para evitar uma situação pior”. O governador maranhense também revelou que o presidente já estabeleceu como premissa que os governadores são seus inimigos pessoais, com ataques reiterados aos chefes de executivo estaduais. “Por isso, é difícil manter relação com o mandatário”, explicou. E acrescentou: “Na verdade, ele (Bolsonaro) gostaria de demitir os governadores e como ele não pode demitir ele transforma em raiva, intolerância. É uma situação muito difícil, realmente, no que se refere ao pacto federativo, porque não há lealdade e cortesia federativa”.
Já o governador de São Paulo, João Doria, do PSDB, alertou os governadores sobre o risco de infiltração bolsonarista das Polícias Militares, como parte de uma orquestração para tumultuar a vida democrática e afetar o funcionamento legítimo das instituições. Para João Doria, Bolsonaro ou pessoas ligadas a milícias bolsonaristas estão querendo promover manifestações antidemocráticas na Semana do Sete de Setembro, que celebra a Independência do Brasil. Isto, no seu entendimento, faz com que os gestores procurem reforçar a vigilância e ficarem atentos aos sinais de provocação de milícias bolsonaristas estimuladas pelo presidente da República.