Nonato Guedes
Os ex-prefeitos de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV) e de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), que não escondem desejo de disputar o governo do Estado em 2022, têm se movimentado por caminhos diferentes no cenário político, ensaiando conversas e articulações para sondar a viabilidade de projetos eleitorais no próximo ano. Ontem, em João Pessoa, Luciano esteve com o presidente estadual do PT, Jackson Macêdo, segundo ele discutindo rumos da conjuntura. Por sua vez, Romero Rodrigues informou que tem mantido conversas com o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do Progressistas e que pretende aprofundar o diálogo com ele. Aguinaldo já anunciou pretensão de ser candidato ao Senado no próximo pleito, mas não descarta compor-se com o esquema do governador João Azevêdo (Cidadania), que já mencionou seu nome em algumas entrevistas.
Luciano já foi filiado ao Partido dos Trabalhadores, exercendo mandatos de vereador, deputado estadual e vice-governador, tendo sido eleito pela sigla à prefeitura de João Pessoa, pela primeira vez, em 2012, mas deixou o partido quando do estouro do “mensalão”, alegando que não compactuava com atitudes de “figurões” do partido envolvidos no escândalo. Na sequência, migrou para o PSD e, posteriormente, para o PV. Recentemente, Cartaxo encontrou-se com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o deputado federal José Guimarães (CE), líder do Grupo de Tática Eleitoral do PT, mas não deu maiores detalhes das conversas. O ex-prefeito da Capital está listado na agenda de contatos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprirá por ocasião de sua visita à Paraíba em setembro.
Na campanha eleitoral de 2018, Luciano Cartaxo e Romero Rodrigues chegaram a ser cogitados como candidatos de um bloco de oposição ao governo do Estado, mas nenhum dos dois desincompatibilizou-se do cargo e o bloco oposicionista acabou perdendo tempo na definição de candidaturas. Acabou optando pelo lançamento de Lucélio, irmão gêmeo de Luciano, ao governo, numa chapa que teve a doutora Micheline Rodrigues, mulher de Romero, como candidata a vice. Lucélio ficou em segundo lugar na disputa que foi vencida por João Azevêdo e contou, ainda, com a participação do senador José Maranhão (MDB). Os dois prefeitos distanciaram-se na campanha de 2020 às respectivas sucessões. A candidata apoiada por Luciano, Edilma Freire, não logrou ir para o segundo turno, e Romero, que elegeu o sucessor, Bruno Cunha Lima, em primeiro turno, veio a João Pessoa na rodada decisiva declarar apoio ao comunicador Nilvan Ferreira, que enfrentou, pelo MDB, o candidato Cícero Lucena (PP), o vitorioso.
De lá para cá, tanto Luciano quanto Romero fazem articulações individuais no bloco de oposição ao governador João Azevêdo para tentar se credenciar à disputa em 2022. Luciano, pela esquerda, já declarou apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a presidente da República. Já Romero, que é aliado do presidente Jair Bolsonaro, ultimamente tem procurado se apresentar como um político de centro-direita, fugindo, como ele mesmo diz, de “extremismos”. Romero já garantiu o apoio do PSDB à sua pré-candidatura, com a retirada do nome do deputado federal Pedro Cunha Lima ao governo, enquanto Luciano mantém canais abertos, ainda, com o PDT do deputado federal Damião Feliciano e da vice-governadora Lígia Feliciano. Numa postagem em rede social, o presidente estadual do PT, Jackson Macêdo, disse que é fundamental ter Luciano com o PT na linha de frente da trincheira de luta e resistência contra o governo Bolsonaro. “Estaremos juntos”, garantiu. A hipótese de retorno de Luciano aos quadros do PT passou a ser especulada na imprensa e Macêdo deixou claro que a decisão depende do ex-prefeito.