Após o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) se lançar como pré-candidato à presidência da República em 2022, mais uma integrante da CPI da Covid deve aproveitar a visibilidade que ganhou na comissão para disputar espaço como um nome da chamada “terceira via” para o pleito eleitoral do próximo ano: Simone Tebet, do MDB do Mato Grosso do Sul. Fontes do MDB confirmaram à “Revista Fórum” que Tebet deverá ser lançada como pré-candidata ao Palácio do Planalto quando os trabalhos da CPI forem finalizados. Há uma tendência do MDB no Nordeste, que deve apoiar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência. O petista lidera todas as pesquisas de intenção de voto.
O MDB do Sudeste, no entanto, teria preferência por lançar uma candidatura própria, e nesse contexto é que o nome de Simone Tebet deve ganhar força. Membro da CPI da Covid, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) colocou o seu nome à disposição do partido para disputar a presidência da República em 2022, durante anúncio, ontem. Ele justificou que não se sente politicamente representado pela permanência de Jair Bolsonaro no poder ou pelo retorno do ex-presidente Lula. “Sei que milhões de brasileiros têm o mesmo sentimento”, escreveu em carta enviada ao partido. Ele precisa obter, ainda, a aprovação do seu nome pela direção nacional do Cidadania.
Uma reportagem da revista “Veja”, publicada em sua mais nova edição, intitulada “Nem Bolsonaro nem Lula”, revela que se as eleições presidenciais fossem hoje, o favorito seria um candidato ainda sem nome, sem rosto, homem, honesto, com espírito de liderança e experiência política. Conforme a reportagem, assinada por Rafael Moraes Moura, hoje há mais entrevistados sem candidato do que declarando voto em Lula ou Bolsonaro e, além disso, um quarto da população não está disposto a votar em nenhum dos dois favoritos. “Ou seja, há uma massa à espera de uma alternativa”, acrescenta.
A mesma reportagem destaca que, se em tese, a terceira via pode ser competitiva, na prática ela esbarra em inúmeros problemas. Até agora, foram lançados mais de dez balões de ensaio ao Palácio do Planalto, “num sinal inequívoco de que o grupo não tem um candidato natural e que seus integrantes, por enquanto, não empolgam o eleitor e não estão dispostos a abrir mão de seus respectivos projetos em nome da costura de uma grande aliança”. Só no PSDB são quatro os presidenciáveis e todos engatinham nas pesquisas. O DEM, parceiro histórico dos tucanos, está testando nomes. O PSD passou a flertar com a ideia de filiar ao partido e lançar ao Planalto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Já o MDB cogita a candidatura própria de Simone Tebet e o PSL a candidatura do apresentador José Luiz Datena. Há possibilidade, ainda, de o ex-juiz Sérgio Moro entrar no páreo pelo Podemos.
O cientista político Paulo Kramer, que participou em 2018 da elaboração do plano de governo de Jair Bolsonaro, provoca: “O candidato de centro se sai muito bem enquanto permanece uma silhueta vazia ou uma folha em branco”. Já o também cientista político Luiz Felipe d’Avila, fundador do Centro de Liderança Pública e entusiasta da construção de um nome capaz de rivalizar com os favoritos, salienta: “A terceira via, por enquanto, é um fantasma. Mas precisamos dar carne e rosto para ele até dezembro. É a candidatura que mais ameaça o poder dos dois – Bolsonaro e Lula”. Num levantamento realizado pelo Ipespe a pedido da XP, Luiz Inácio Lula da Silva lidera com 40% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro aparece em segundo, com 24%. Os demais postulantes registram, no máximo, 10%. Apesar disso, a “Veja” informa que o quadro eleitoral ainda pode mudar de forma considerável já que as mesmas pesquisas revelam que há espaço de sobra para a construção de uma candidatura capaz de romper a polarização.