Cinco anos depois do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), sob a acusação de ter cometido crimes de responsabilidade fiscal, uma reportagem do site “Poder 360”, assinada pela estagiária de jornalismo Vitória Queiroz e publicada hoje, mostra “como estão os algozes de Dilma”, referindo-se a expoentes da cena nacional que “atuaram direta ou indiretamente” nos episódios que culminaram com o impedimento da primeira mandatária brasileira. Abaixo, a lista com os nomes de “algozes” de Dilma e informações atualizadas sobre tais figuras:
Janaína Paschoal – A advogada Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment de Dilma no Congresso, junto com Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo, foi eleita deputada estadual em São Paulo pelo PSL em 2018. Ela foi a deputada estadual mais votada da história do Brasil, com mais de dois milhões de votos. Antes, chegou a ser cotada para ser vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, mas recusou o convite. Hoje, ela se mostra crítica ao presidente, embora já tenha falado que, a depender do cenário em 2022, votará novamente em Bolsonaro. Mas seu nome favorito para a presidência seria mesmo o do ex-ministro e ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro. Para as eleições de 2022, Janaína deverá concorrer ao Senado, mas não pelo PSL, seu atual partido.
Hélio Bicudo – O jurista, que foi um dos autores do pedido de impeachment de Dilma apresentado à Câmara dos Deputados, morreu em julho de 2018, aos 96 anos. No documento, ele acusava Dilma de cometer crime de responsabilidade fiscl, mencionando a manobra contábil conhecida como “pedaladas fiscais”.
Miguel Reale Júnior – O ex-ministro e ex-deputado desfiliou-se do PSDB em 2017. Um dos autores do pedido de impeachment, tem 77 anos de idade e realiza palestras. Seu alvo, agora, é Bolsonaro. Diz que ele acumula crimes de responsabilidade, mas afirma que a situação é diferente da vivenciada por Dilma. Em todo caso, Reale considera que Bolsonaro representa uma ameaça à democracia.
Eduardo Cunha – O ex-deputado Eduardo Cunha, que deu partida ao processo de impeachment de Dilma como presidente da Câmara Federal, foi preso meses depois do impeachment por ordem de Sérgio Moro, então juiz da Décima Terceira Vara Federal de Curitiba, em outubro de 2016. O emedebista foi condenado em ação com origem nas investigações da Lava Jato. A força-tarefa o acusou de receber propina de contrato de exploração de petróleo no Benin, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro. Em 2019, a Justiça Estadual do Paraná autorizou Cunha a cumprir a pena em um presídio do Rio de Janeiro. Já em março do ano passado, a Décima Terceira Vara da Justiça Federal de Curitiba determinou que o ex-deputado cumprisse prisão domiciliar com tornozoleira eletrônica por fazer parte do grupo de maior risco para a covid-19. Cunha teve a prisão domiciliar revogada em abril de 2021 por decisão da Oitava Turma do Tribunal Regional Federal da Quarta Região. Ele lançou em 2021 o livro “Tchau, Querida: O Diário do Impeachment”, sobre os bastidores e ações que levaram ao afastamento de Dilma.
Michel Temer – Então vice-presidente de Dilma Rousseff, Michel Temer assumiu a presidência da República de modo definitivo em 31 de agosto de 2016, assim que os senadores aprovaram a perda do cargo da petista. Durante o processo, a ex-presidente acusou Temer de estar articulando um golpe para destituí-la. Ele exerceu o cargo até primeiro de janeiro de 2019. Depois, foi preso pela operação Lava Jato em uma investigação sobre irregularidades nas obras da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro, sendo acusado pelo Ministério Público por crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Também foi acusado de chefiar uma organização criminosa que teria recebido propina nas obras da usina. Foi solto pouco depois. Em maio do mesmo ano, Temer foi preso novamente, mas conseguiu ter a prisão substituída por medidas cautelares com decisão do Superior Tribunal de Justiça. Em 2020, o STJ suspendeu a tramitação de uma ação penal em São Paulo por lavagem de dinheiro contra ele e, assim, o processo ficou parado para análise da Quinta Turma do Tribunal em união desse processo com outro, em que Temer foi acusado de participar do chamado Quadrilhão do MDB. Em maio deste ano, a Décima Segunda Vara Federal de Brasília absolveu o ex-presidente Michel Temer, além de outros políticos do MDB, acusados de cometer crimes no caso do quadrilhão.
A reportagem do “Poder360” menciona, ainda, como “algozes” de Dilma, o ex-ministro Sérgio Moro, que foi juiz da Décima Terceira Vara em Curitiba e atualmente trabalha para a empresa de consultoria norte-americana Alvarez & Marsal, que tem entre seus clientes a Odebrecht e mais três companhias investigadas na Lava Jato: OAS, Queiroz Galvão e a Sete Brasil, bem como Deltan Dallagnoll, ex-coordenador geral da operação Lava Jato, que segue atuando como procurador da República e foi alvo de uma pena de censura por parte do Conselho Nacional do Ministério Público, em caso referente à eleição da presidência do Senado em 2019.