A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgou mensagem gravada pelo seu presidente, dom Walmor Oliveira de Azevedo, em que pede que cristãos ‘não se deixem convencer por quem agride os Poderes Legislativo e Judiciário’ no dia Sete de Setembro. Ainda que não citem nominalmente o presidente da República, Jair Bolsonaro, as declarações, divulgadas desde sexta-feira, fazem clara referência aos recentes ataques proferidos pelo mandatário às instituições e à democracia brasileira.
O presidente da CNBB é taxativo: “Não se deixe convencer por quem agride os poderes Legislativo e Judiciário. A existência de três poderes impede a existência de totalitarismos”. Ressaltou ainda que o País foi tomado por “sentimentos de raiva e de intolerância”. E acrescentou: “Agredir, eliminar, hostilizar, ignorar ou excluir não combinam com uma democracia”. Para dom Walmor, “muitos, em nome de ideologias, dedicam-se a agressões, ofensas, chegando ao absurdo de defender o armamento da população”. Essa afirmação é uma resposta aos pronunciamentos de Bolsonaro, que recentemente pregou que todos os brasileiros deveriam se armar e incentivou a compra de fuzis pelos cidadãos.
Em outro trecho, dom Walmor volta a repudiar o incentivo ao uso de armas e afirma que quem é cristão de verdade deve ser agente da paz. Nesta semana, Bolsonaro afirmou que ‘se quer paz, o Brasil terá que se preparar para a guerra’. Responde o presidente da CNBB: “Quem se diz cristão ou cristã deve ser agente da Paz e a paz não se constrói com armas. Somos todos irmãos. Esta verdade é sublinhada pelo Papa Francisco na carta encílica Fratelli Tutti”. Dom Walmor ainda cobrou mais ações do governo federal para combater a fome, o desemprego e o avanço da inflação no Brasil. Na mensagem, pediu ainda por respeito à ciência, incentivou a vacinação e a conservação da natureza. O presidente da CNBB pediu também atenção especial aos povos indígenas durante o feriado pátrio, que enfrentam neste momento uma tentativa de desmonte dos seus direitos com o julgamento do marco temporal. Os povos originários fazem em Brasília desde a última semana o maior protesto da história contra os ataques do governo.
– Nossa pátria não começa com a colonização europeia. Nossas raízes estão nas matas e florestas, num sinal claro nos ensinando que a nossa relação com o planeta deve ser pautada pela harmonia. Os povos indígenas, historicamente perseguidos e dizimados, enfrentam graves ameaças da pressão do poder econômico extrativista e ganancioso que tudo faz para exaurir nossos recursos naturais – destacou o bispo brasileiro. A CNBB finalizou a mensagem ainda pedindo que os manifestantes não pratiquem atos violentos no dia Sete de Setembro. “As desavenças não podem justificar a violência. Somos todos irmãos”, enfatiza.