Uma nova disputa toma corpo dentro do PSDB. Com a informação de que o senador José Serra está com Mal de Parkinson e que por conta disso não poderá disputar a reeleição para se manter na vaga no próximo ano, uma nova frente de batalha se abriu no ninho tucano, conforme a “Revista Fórum”. José Aníbal, que é suplente de Serra e que já assumiu o cargo em períodos que somados dão quatro meses no curso do mandato, seria o substituto natural no pleito de 2022, mas algumas hipóteses começam a ser cogitadas dentro do partido.
Os prefeitos de São Bernardo e Ribeirão Preto, Orlando Morando e Duarte Nogueira, respectivamente, querem que o ex-governador Geraldo Alckmin seja o candidato ao Senado em substituição ao companheiro que está doente e que não poderá concorrer novamente. No entanto, Alckmin já manifestou publicamente a intenção de deixar o PSDB e se filiar a outra legenda. Ele rejeita a oferta, conforme interlocutores, e planeja disputar o governo de São Paulo, possivelmente pelo PSD. Quem também estaria de olho na vaga para disputar o Senado no próximo ano no lugar de Serra é o presidente do partido na capital paulista, Fernando Alfredo, uma liderança “covista” entre os tucanos do Estado.
– Se ele (Aníbal) quiser ser candidato, terá que se inscrever nas prévias. Hoje eu sou o único inscrito – revelou Alfredo numa entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Provocativo e pronto para o embate, o presidente do PSDB paulistano disse ainda que só abrirá mão de disputar a cadeira no Senado Federal se Alckmin quiser ser o candidato, e que qualquer outra discussão para definir um nome “não será tomada numa sala fechada, com charutos e vinho caro, mas sim pela militância da sigla”. A expectativa maior reinante no PSDB nacional diz respeito às prévias de novembro que vão indicar o candidato do partido às eleições para presidente da República em 2022. Em princípio, o governador de São Paulo, João Doria, é franco favorito para vencer as prévias, despontando com mais cacife do que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que deverá ser o seu grande oponente, já que outros nomes como o do senador Tasso Jereissati e o do ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, não deverão seguir como possíveis alternativas.
No entanto, há desafios imensos para Doria, resultantes da própria fragmentação do PSDB, onde há expoentes mais ligados ao presidente Jair Bolsonaro e que, portanto, podem debandar da tese da candidatura própria. A rejeição nacional é, também, seu calcanhar de Aquiles. Na última pesquisa Datafolha de julho, ele apareceu em quarto lugar, com apenas 5% das intenções de voto mas com rejeição de 37%, empatado com Lula, atrás apenas de Bolsonaro. O cientista político Antonio Lavareda acha que a principal tarefa para Doria, hoje, é reduzir a faixa que o afeta no campo da rejeição. “Tudo que puder, ele deveria fazer para diminuir. O cálculo é simples: rejeição é teto – ou ele reverte isso ou vai seguir limitado e sujeito apenas a aumento, ou “oscilação”, diz Lavareda.
Na avaliação do cientista político, Doria precisa convencer o quanto antes a ala bolsonarista do PSDB a apoiá-lo. “Um caçador não caça duas presas ao mesmo tempo, ele foca em uma. Ao usar a estratégia de criticar Bolsonaro e Lula, ele pode acabar só aumentando a sua rejeição, que já é expressiva”. Em meio ao tumulto nas hostes partidárias, a campanha de Doria usa o argumento de que ele tem melhores condições de vencer para, com isto, persuadir tucanos ainda resistentes ou hostis à sua pretensão. No PSDB, já está praticamente aceito o consenso de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai para o segundo turno. O foco, então, é que Doria é o único a superar Bolsonaro no espaço da direita (ou centro-direita, como tem se definido). Os apoiadores do gestor paulista procuram massificar nacionalmente o slogan de que ele é “o pai da vacina”, por ter se mobilizado com rapidez para a fabricação da CoronaVac, que é utilizada no combate à pandemia de Covid-19 em todo o território nacional.