Da Redação, com agências
Sem mencionar o Poder Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro fez uma ameaça ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, durante discurso para manifestantes nesta terça-feira, 7, em Brasília. Sem citar os nomes dos dois ministros, ele disse que se Fux não enquadrar Alexandre de Moraes, “esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”. Bolsonaro discursou em um carro de som ao lado dos ministros da Defesa, Walter Braga Netto, do Trabalho, Onyx Lorenzoni, da Justiça, Anderson Torres, e do vice-presidente Hamilton Mourão.
Ele falou a manifestantes que se deslocaram em ônibus de várias partes do país para participar da manifestação convocada, entre outros, pelo próprio Bolsonaro. No discurso, o presidente atacou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, novamente sem citar o nome dele. Alexandre de Moraes é responsável pelo inquérito que investiga o financiamento e organização de atos contra as instituições e a democracia e pelo qual já determinou prisões de aliados do presidente e de militantes bolsonaristas. O presidente é alvo de cinco inquéritos no Supremo e no Tribunal Superior Eleitoral.
De acordo com Bolsonaro, “uma pessoa específica da região dos três poderes está barbarizando a população e fazendo “prisões políticas” que, segundo afirmou, não se pode mais aceitar. “Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos três poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, disse. Nas palavras de Bolsonaro, o “Supremo Tribunal Federal perdeu as mínimas de continuar dentro daquele tribunal”. E acrescentou: “Nós todos aqui, sem exceção, somos aqueles que dirão para onde o Brasil deverá ir. Temos em nossa bandeira escrito ordem e progresso. É isso que nós queremos. Não queremos ruptura, não queremos brigar com poder nenhum. Mas não podemos admitir que uma pessoa turve a nossa democracia. Não podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade”.
Bolsonaro informou que amanhã, dia 8, estará participando de uma reunião do Conselho da República com os presidentes dos demais poderes, a fim de mostrar “para onde nós todos devemos ir”. Segundo informou o jornalista Valdo Cruz, colunista do G1 e comentarista da Globonews, os chefes dos demais poderes não foram comunicados da reunião do Conselho da República amanhã. Embora convidados, nenhum deles participou pela manhã, antes do discurso de Bolsonaro na manifestação, da cerimônia de hasteamento da bandeira no Palácio da Alvorada em comemoração ao Dia da Independência. O Conselho da República citado por Bolsonaro é um órgão de consulta do presidente, cabendo-lhe pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio e também sobre as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. Integram o conselho, comandado pelo presidente da República, o vice-presidente, os presidentes da Câmara e do Senado, os líderes da maioria e da minoria na Câmara e no Senado, o ministro da Justiça e também seis cidadãos – dois escolhidos pela Câmara, dois pelo Senado e dois pelo presidente. O conselho só se reúne por convocação do presidente da República.