Aliados do grupo do ex-governador Ricardo Coutinho oficializaram, hoje, a saída dos quadros do Partido Socialista Brasileiro, divulgando carta aberta ao povo paraibano com críticas ao atual presidente da sigla, deputado federal Gervásio Maia. A carta de desligamento é firmada por Cassandra Figueiredo, presidente da comissão provisória municipal de João Pessoa, Verônica Ismael, secretária-geral, Patrícia Oliveira, secretária de Organização, João Vicente Machado, tesoureiro, Gilvanildo Pereira, membro da comissão provisória e Priscila Gomes, idem. Gervásio é acusado de colocar em prática métodos “patrimonialistas” e “autoritários”. Ao que se sabe, Gervásio escolheu a ex-vereadora Sandra Marrocos (ex-PT) para comandar po partido em João Pessoa. Os ex-socialistas deixaram claro que protagonizaram um processo de desfiliação coletiva em resposta a atitudes de que divergem.
Ricardo Coutinho está se preparando para retornar aos quadros do Partido dos Trabalhadores, de onde se desfiliou em 2003 em meio a divergências pela sua não indicação como candidato a prefeito de João Pessoa. Na época, ele migrou para o PSB e conseguiu aval para disputar a prefeitura, sendo eleito em 2004 e reeleito em 2008, posteriormente ascendendo ao governo do Estado, em 2010, e 2014. A filiação de Ricardo continua agendada para este mês, com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann. Na manhã de hoje, líderes do PT contrários ao ingresso de Ricardo e alinhados com a liderança do governador João Azevêdo, como o deputado federal Frei Anastácio Ribeiro, estiveram reunidos com o presidente estadual do MDB, Veneziano Vital do Rêgo, para discussão de pontos da agenda de contatos com Lula qiando da sua vinda à Paraíba proximamente.
A carta de despedida dos dirigentes socialistas tem este teor:
“Na história recente da política partidária paraibana, poucos partidos podem apresentar um crescimento substancial, quantitativa e qualitativamente, como o verificado entre 2005 e 2018, quando o PSB chegou a comandar 52 prefeituras no Estado, além do governo (2001 a 2019). Neste mesmo período, o PSB também cresceu nas câmaras municipais e na Assembleia Legislativa. Um crescimento que qualificou o debate público, incluindo as minorias, os invisibilisados juntamente com os principais anseios da sociedade contemporânea.
Ainda nesta trajetória de gestão inclusiva, participativa e democrática, o PSB criou e implantou as principais políticas públicas, ancoradas por um projeto de desenvolvimento social e econômico transformador, reconhecidas por toda a Paraíba e ainda por especialistas em gestão pública. A prática patrimonialista e autoritária, hoje em vigor no PSB, não condiz com os princípios de um partido socialista, que tem por base a defesa da liberdade, da justiça social, e a radicalização da democracia. A condução do presidente estadual do PSB, o deputado Gervásio Maia, não coaduna com esses princípios, não obstantes de sua cultura política, da prática oligárquica e de conchavos, que visam, sobretudo, garantir sua sobrevivência pessoal na vida pública.
O deputado tem, segundo as suas declarações intempestivas através da imprensa, desconhecido os agentes políticos históricos do PSB. Nega-se a promover reuniões, desconhece o processo de construção das decisões coletivas e segue negociando a legenda, oferecendo recursos do fundo partidário e tempo de propaganda eleitoral, no afã de se estabelecer em detrimento da identidade socialista do PSB. Consideramos que o tempo é o senhor de todas as verdades e continuaremos a construir uma sociedade justa, igualitária e sobretudo democrática, que garanta a cidadania e o desenvolvimento sustentável. Nossa energia estará voltada para resgatar o Brasil do fascismo e do atual fosso de miséria, onde nos colocou Bolsonaro e seus comparsas.
A defesa do Estado democrático de direito e o bem-estar social nos rege. Na nossa tela, estão as eleições de 2022 e entendemos que essa retomada do progresso social passa pela eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de quadros nacionais que defendam o modelo socialista e a soberania popular. Possuímos lideranças com tal envergadura, a exemplo do companheiro Ricardo Coutinho, Márcia Lucena, Estela Bezerra, Cida Ramos, Jeová Campos, entre poutros e outras. Iremos somar onda nossa voz é considerada e esses princípios respeitados. Diante dessa ruptura e dos “novos” rumos do partido, a comissão provisória do diretório municipal de João Pessoa vem a público comunicar a desfiliação coletiva, para que o partido possa seguir suas novas deliberações no jogo político estadual, com as quais a atual direção municipal não concorda”.