O senador Randolfe Rodrigues (Rede-Amapá), vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, instalada no Senado, previu que o relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL) sobre os depoimentos colhidos, documentos e provas anexados, será “devastador”. A declaração foi feita pelo parlamentar em entrevista à Globonews. Randolfe frisou que o papel dos parlamentares governistas na CPI será de tumultuar para desviar a atenção do relatório final. “Mas não tem como não ser devastador (o relatório)”, frisou, salientando que a CPI vai entrar na história pela maior quantidade de crimes cometidos por agentes públicos e privados que serão apontados.
Para Randolfe Rodrigues, a CPI não acaba depois do documento. “Ainda temos que lutar para que os responsáveis sejam punidos”, alertou. Randolfe disse que o Brasil ficou mais de um ano mergulhado no “negacionismo”. Ele citou também os casos da Prevent Senior, suspeita de manipular prontuários médicos e aplicar remédios sem comprovação científica sem o conhecimento dos pacientes, o lobby do empresário Luciano Hang, da Havan, dentro do Ministério da Saúde, e ainda relembrou que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, se vacinou nos Estados Unidos.
Enquanto isso, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, resgatou um vídeo de março de 2020 em que afirma ter alertado sobre a Prevent Senior, ao comentar mortes de idosos em hospitais da rede. “31 de Março de 2020. Alertei. Fui impedido de trabalhar 16 de abril. Quanta barbaridade!”. Na ocasião, o hospital da Prevent Senior havia registrado 80 das 136 mortes registradas até então em São Paulo. “Não tem que proibir o hospital, o hospital existe e tem todos esses idosos lá dentro ao mesmo tempo e já se constituiu num ambiente de transmissão elevado lá dentro”, diz. Na época, quase 90% das vítimas da doença no país eram de pessoas com mais de 60 anos.
Dossiê feito pela CPI da Covid com base em denúncias formuladas por médicos que trabalhavam junto à operadora de Saúde dá conta de que a Prevent Senior teria ocultado mortes de pacientes com e sem o diagnóstico de Covid-19, que participaram de estudos sem base científica feitos para apontar uma suposta eficácia dos remédios do kit covid, como a hidroxicloroquina e a azitromicina. O experimento, que tem sido comprado a práticas nazistas, foi realizado no início da pandemia do coronavírus no ano passado e não obteve autorização do Conselho Nacional de Ética em Pesquisas.