Nonato Guedes
Na carta de inscrição da sua candidatura a presidente da República nas prévias internas que serão realizadas em novembro pelo PSDB nacional o governador de São Paulo, João Doria, não cita nominalmente o presidente Jair Bolsonaro mas afirma que o país está vivendo tempos de “retrocesso”. Ao mesmo tempo, ele ataca o PT e, neste caso, afirma nominalmente que os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff “representaram a captura do Estado pelo maior esquema de corrupção do qual se tem notícia na história do país”. Textualmente, Doria enfatizou: “Fazer políticas públicas para os mais pobres não dá direito a quem quer que seja de roubar o dinheiro público. Os fins não justificam os meios”.
Sobre a conjuntura atual comentou: “Os tempos são de retrocesso. Retrocesso institucional, democrático, econômico, ambiental, social, político e moral. Nossas instituições têm sido atacadas, mas dão provas de independência e coragem ao defenderem o que temos de mais sagrado: respeito à Constituição, ao Estado Democrático de Direito, com eleições livres e com voto eletrônico”. Doria deverá disputar as prévias do PSDB contra o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e com o partido com rachas importantes em suas lideranças. O governador também faz no documento um aceno ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que já chegou a sinalizar que apoiaria Lula contra Bolsonaro em 2022, caso a polarização ocorra entre os dois nomes.
– Nos orgulhamos dos oito anos de governo FHC, da consolidação do Plano Real, da Lei de Responsabilidade Fiscal, da Lei dos Genéricos, da criação e avanços dos programas sociais que deram origem ao Bolsa Família. E principalmente nos orgulhamos da defesa incessante da democracia – diz. Doria, que deve usar a vacinação contra o coronavírus como uma de suas principais bandeiras eleitorais, caso seja o candidato escolhido pelo PSDB, também destaca o protagonismo de São Paulo na campanha de imunização. “Guiados pela ciência, buscamos a vacina. Nosso Estado vacinou a primeira brasileira, a enfermeira negra Mônica Calazans, em 17 de janeiro de 2021. E será o primeiro Estado a imunizar toda a população”, afirmou.
Doria também aproveitou a carta para dar sinais de que, caso seja o candidato do partido, defenderá uma política econômica com responsabilidade fiscal e incentivo das reformas. Disse que São Paulo vem se recuperando rapidamente da pandemia e que a economia cresceu 30% acima da média nacional, gerando 1/3 de todos os novos empregos do país, o que atribuiu ao planejamento, gestão e trabalho “que queremos levar a todo o Brasil”. Falou, também, que primará por ações eficientes e transparentes. “Não perdemos tempo criticando problemas. Investimos tempo na solução dos problemas”, escreveu o governador. Salientou ainda que o seu projeto de país “baseia-se na pacificação nacional e em pilares sólidos: proteção aos mais vulneráveis, geração de empregos e distribuição de renda, educação em tempo integral e ensino técnico de qualidade, crescimento sustentável com equilíbrio das contas públicas, reformas que favoreçam o ambiente de negócios e a atração de investimentos; preservação do meio ambiente e integração com o agronegócio.
O governador de São Paulo promete que se for candidato à presidência da República terá o compromisso inarredável com a democracia e a liberdade de expressão e que vai fortalecer o pacto federativo, com autonomia para Estados e municípios. “E, acima de tudo, investir no equilíbrio e harmonia entre os Poderes, como valor inatacável ao Estado Democrático de Direito. Trabalharemos por um Brasil mais digno e justo, que recupere seu prestígio internacional e atue na vanguarda do processo civilizatório”, frisou João Doria.