Senadores cotados como pré-candidatos ao Planalto no ano que vem aparecem “embolados” na pesquisa Datafolha mais recente e, pelos resultados divulgados, ainda não há um nome natural da chamada “terceira via” se projetando no Senado. Os senadores presidenciáveis considerados pelo último Datafolha são o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a líder da bancada feminina na Casa, Simone Tebet (MDB-MS), e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Oficialmente, somente o último confirmou a pré-candidatura.
Nenhum dos três ultrapassa os 4% das intenções de voto, já considerando a margem de erro, nem afeta a preferência da maioria dos entrevistados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No cenário simulado com os três senadores, Lula lidera a disputa presidencial com 42% das intenções de voto, Bolsonaro fica em segundo, com 24%. Em seguida, aparecem Ciro Gomes (10%), o governador de São Paulo, João Doria (5%) e o apresentador de televisão José Luiz Datena (4%). Só então é que aparecem os senadores. Simone Tebet tem 2% das intenções de voto, Pacheco 1% e Vieira menos de 1%. Aldo Rebelo, ex-deputado federal e ministro em governos petistas, aparece com 1%. Votaram em branco ou nulo 10% dos entrevistados, enquanto 2% não opinaram.
A pesquisa Datafolha foi realizada entre 13 a 15 de setembro último com 3.667 entrevistados em todo o Brasil. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%. Pesquisas eleitorais retratam o momento atual. Simone e Alessandro apostam na visibilidade trazida pela CPI da Covid para crescer nas pesquisas – raramente faltam às reuniões e participam ativamente dos questionamentos de depoentes e nos bastidores da comissão. Já Pacheco, no comando do Senado, tem imposto derrotas ao presidente Jair Bolsonaro na Casa e deixado de lado pautas do governo, o que dentro do Planalto é explicado pelo interesse do senador na cadeira presidencial.
No levantamento do Ipec, divulgado na quarta-feira, 22, pelo Jornal Nacional, da TV Globo, Simone Tebet e Alessandro Vieira nem chegaram a pontuar. Rodrigo Pacheco aparece com 1%. A pesquisa foi feita entre 16 e 20 de setembro, com margem de erro de dois pontos percentuais. Outro nome da terceira via sugerido é o do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, do DEM, que também ainda não despontou nas pesquisas eleitorais. O cientista político da Fundação Getúlio Vargas, Sérgio Praça, acredita que atualmente nenhum dos senadores tem condições reais de chegar à presidência da República. No entanto, somente o fato de serem lembrados e considerados, afirma, é vantajoso para valorizar o passe deles. Por exemplo, para serem cotados a vice-presidente em eventual coligação de terceira via e a ministro de um futuro governo. A ambição pode ser mais “simples”, também, como a reeleição ao Senado.
Pessoas próximas aos senadores afirmam que a baixa rejeição a eles é um ponto de destaque, pois significa espaço de crescimento. A pesquisa Datafolha aponta que não votariam em Pacheco 17% dos entrevistados. Simone Tebet e Alessandro Vieira estão empatados com 14% de rejeição. Enquanto isso, 59% não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro para presidente em 2022 e 38% não votariam em Lula. Doria é rejeitado por 37%, Ciro Gomes por 30%, Datena por 10%, Mandetta por 18% e Rebelo por 15%. Outros 2% rejeitam todos os nomes apresentados. 1% não rejeita nenhum e 1% não opinou. Sérgio Praça atribui a rejeição menor aos senadores pelo fato de não serem amplamente conhecidos pela população. Por isso, o baixo índice pode não ser tão positivo assim. “Ninguém conhece pessoas (extensivamente). Podem ser, no máximo, vice de alguém”, diz. Para o cientista político, o principal candidato da terceira via deverá sair do PSDB pelo fato de o partido ser bem estruturado, conhecido pela população, contar com capilaridade pelo país e ter candidatos de Estados importantes. (Com UOL Notícias)