Nonato Guedes
Personagem da semana, por ter reagido com veemência a acusações machistas no âmbito da CPI da Covid, no Senado Federal, a senadora Simone Tebet, do MDB-MS, afirmou em entrevista à CNN que “a violência psicológica não será aceita, vinda de quem quer que seja”. Ela se referiu ao desentendimento com o ministro da Controladoria-Geral da União Wagner Rosário, na sessão da CPI na última terça-feira, que teve acusações graves e ofensas pessoais. Na ocasião, ela foi chamada de histérica e desequilibrada.
– Ele (Rosário) cometeu dois gravíssimos erros, dando a sensação de que eu não tinha entendido nada, que eu era menor e menos competente. Ele utilizou ali um adjetivo que não se usa para uma mulher que está no mercado de trabalho porque essa palavra histérica, louca, desequilibrada, tem uma conotação histórica – expressou Simone Tebet, recebendo a solidariedade de inúmeros pares no Congresso. Em entrevista, a senadora falou sobre a violência e privações sofridas pelas mulheres nos séculos passados. “E agora, em pleno século 21, nós não vamos relativizar, não vamos aceitar a violência psicológica”. Acrescentou a senadora que o processo em discussão tem mais de 1.000 páginas e que o leu mais de uma vez. “Nenhum senador tem mais conhecimento do contrato da Covaxin do que eu. Por que ele não disse ao relator, a um senador, e disse para mim?”, frisou.
Após a discussão, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), suspendeu a sessão por cinco minutos e, na volta, anunciou que Wagner Rosário havia passado de testemunha para investigado pela Comissão. Simone Tebet, que é líder da bancada feminina no Senado, se declarou sensibilizada com as manifestações de solidariedade que recebeu. Ela costuma declarar que não se enquadra em rótulos ideológicos, nem de esquerda nem de direita, mas que tem consciência das suas responsabilidades e procura estar à altura dos debates de que participa, principalmente sobre fatos relacionados a irregularidades apuradas pela CPI da Covid. Simone Tebet é mencionada como alternativa, dentro do MDB, para disputar a presidência da República e tem lutado para amplar a participação feminina nas esferas de decisões nacionais.