O médico e escritor Drauzio Varella, em entrevista ao UOL News, lembrou a troca de ministros da Saúde no governo de Jair Bolsonaro desde o início da covid-19 no Brasil e afirmou que o atual titular da Pasta, o cardiologista paraibano Marcelo Queiroga, anda em corda bamba e falha na sua profissão. As críticas também foram direcionadas à instituição como um todo. “Se analisar o que aconteceu no Ministério da Saúde nos últimos dois anos, é um crime”, enfatizou Drauzio Varella. Ele elogiou o trabalho dos dois primeiros titulares da pasta quando o coronavírus chegou ao Brasil – Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, mas lamentou a atuação do general Eduardo Pazuello e do doutor Marcelo Queiroga.
O atual ministro está em Nova York cumprindo período de quarentena, depois que foi diagnosticado com covid. Ele integrou a comitiva do presidente Jair Bolsonaro que, na semana passada, falou na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. “Quando analisa as observações que o doutor Queiroga fez, você via que ele estava em corda bamba, justificando o injustificável. Não podia defender uso de máscara e para evitar aglomerações como que um médico vai contra isso? Ele não tinha como ser médico e justificar as atitudes do presidente”, completou Drauzio. Na sua opinião, se o presidente da República não utiliza a proteção pessoal, então um ministro não consegue incentivar a população a colocar a máscara com sucesso. “E isso culminou na história de não vacinar mais adolescentes, que é vergonha nacional”.
Quase duas semanas atrás, o Ministério da Saúde fez uma nota recomendando que não se vacinassem mais adolescentes sem comorbidades. Na quinta-feira, 23, a pasta voltou atrás e passou a orientar que o grupo seja, sim, vacinado. O único imunizante aprovado para a faixa etária é a Pfizer. Apesar do primeiro aviso para que os Estados e municípios suspendessem a cobertura vacinal de adolescentes, diversos locais continuaram aplicando o imunizante. O Ministério disse que precisava apurar a morte de uma jovem, que faleceu uma semana após tomar a Pfizer e teve o óbito prontamente explicado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como relacionado à doença autoimune da paciente. Além disso, a pasta queria investigar quantos adolescentes estavam recebendo vacinas de outras farmacêuticas.
– Olha a confusão que lança no país para depois voltar atrás. Nunca houve unanimidade tão grande com o que aconteceu nesse episódio. Todos os médicos estavam de acordo em manter a vacinação para os adolescentes. O mais grave é que não foi o general Pazuello que fez isso, foi um médico. Isso é o mais grave de tudo – concluiu Drauzio Varella.