Cálculos feitos pelo cientista político Alberto Carlos Almeida, considerando os votos em cada unidade da Federação, apontam o governador paulista João Doria como favorito na disputa interna do PSDB para definir quem será o candidato que representará o partido na corrida eleitoral ao Palácio do Planalto em 2022. O concorrente de João Doria é o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e ambos estão se movimentando na cabala de votos junto a bancadas e diretórios estaduais tucanos. Alberto Carlos Almeida ressalta que nas prévias o peso de cada eleitorado varia: o voto dos filiados conta com 25% do total final, o dos deputados federais, senadores, vice-governadores e ex-presidentes do partido, somados, também têm 25%, assim como o dos deputados estaduais. Os restantes 25% ficam com a política municipal, com 12,5% para prefeitos e 12,5% para vereadores.
Segundo o cientista político, o PSDB conta atualmente com aproximadamente um milhão e trezentos mil filiados, sendo 300 mil deles no Estado de São Paulo. Para ele, o voto dos filiados de São Paulo deverá totalizar 5% do montante de votos de todos os filiados nas prévias e, neste caso, a vitória de João Doria tenderá a ser expressiva. De acordo com ele, estima-se hoje que existam 120 mil filiados ativos em São Paulo, dos quais cerca de 80 mil devem votar. “Na escolha do candidato a governador para a eleição de 2018, muito menos falada do que a atual disputa, aproximadamente 22 mil filiados votaram”, afirma. E analisa que uma estimativa conservadora indica que a vantagem nacional de Doria contra Eduardo Leite neste grupo (filiados) venha a ser de 70% a 30%. Parte destes 30% serão votos dados a Leite em função da resistência de outros Estados à força de São Paulo no partido.
– Vale ainda mencionar que um grande obstáculo ao nome do governador do Rio Grande do Sul é o seu desconhecimento junto aos filiados do partido – declara Alberto Carlos Almeida. A estimativa provisória de votos junto aos políticos do partido também favorece Doria (as estimativas foram feitas a partir de avaliações internas de vários membros do PSDB). No Rio Grande do Sul avalia-se que Eduardo Leite terá neste grupo 90% dos votos e Doria somente 10%. Em Santa Catarina e no Paraná a vantagem atual também é de Eduardo Leite, derrotando Doria em ambos os Estados por 60 a 40%. Em São Paulo, como esperado, avalia-se que 90% dos políticos tucanos ficarão com Doria e 10% com Eduardo Leite. No Rio de Janeiro, há atualmente um empate e em Minas Gerais o candidato apoiado por Aécio Neves, um dos coordenadores da campanha de Eduardo Leite, venceria hoje de 60 a 40%.
“Doria tem larga vantagem nos Estados da Região Centro-Oeste, que, juntos, representam um colégio eleitoral bastante numeroso”, afirmou o cientista político ao site “Poder360”. E acrescentou: “O fato concreto é que Eduardo Leite se sai muito bem quando se avalia o quadro geral dos Estados, afinal ele não é de São Paulo em um partido fortemente paulista. Porém, por melhor que seja seu desempenho, não é até agora suficiente para colocar em xeque o favoritismo de Doria”, diz a análise. A estimativa de votos aponta que Doria vence em 14 Estados, empata em 4 e perde em 9 para Eduardo Leite. Já a consultoria internacional Eurasia Group disse que o governador do Rio Grande do Sul tem mais chances do que Doria de vencer as prévias internas do PSDB para a vaga de candidato à presidência da República.
A Eurasia avaliou que mesmo Doria tendo controle na seção paulista do PSDB, Leite teria uma vantagem. “Ele não apenas está perto de chegar a acordos na maioria dos diretórios estaduais restantes, mas também se beneficia do fato de que a maioria dos líderes partidários, alguns até em São Paulo, se opõe ao estilo de Doria e acredita que Leite é mais adequado para competir com Bolsonaro”. Segundo a consultoria, a abordagem “mais conciliatória” é outro ponto a favor do governador do Rio Grande do Sul. O relatório afirmou que ele fez alianças na Assembleia estadual para aprovar “duras” reformas estruturais e as privatizações. “Ele também ganhou as manchetes nacionais ao tornar público o fato de que é gay. A aproximação de Leite com outros partidos, como o MDB e DEM, pdoe aumentar a capacidade do PSDB de negociar uma coalizão na disputa.