Nonato Guedes
Na solenidade, ontem, de refiliação do ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, aos quadros do Partido dos Trabalhadores, ocorrida de forma virtual e com transmissão pela TV PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saudou o ex-socialista e anunciou que pretende percorrer cidades do Estado em “peregrinação política” ao lado do ex-gestor. “Eu e Ricardo somos políticos para estar na rua e conversar com o povo”, frisou Lula. Além de Ricardo, assinaram “carta de intenção” de filiação ao PT as deputadas Cida Ramos, Estela Bezerra, o deputado Jeová Campos e a ex-prefeita do Conde, Márcia Lucena, que só poderão oficializar o ingresso no próximo ano, aproveitando a “janela partidária” prevista em lei.
A solenidade em caráter remoto contou com a participação de lideranças nacionais da legenda, como a presidente nacional, Gleisi Hoffmann, a ex-presidente da República Dilma Rousseff, o ex-ministro Fernando Haddad, que foi candidato ao Planalto em 2018 e o governador do Piauí, Wellington Dias. Todos eles se manifestaram a respeito da filiação de Ricardo e de seus seguidores, tendo a ex-presidente Dilma Rousseff se referido a Coutinho como “amigo e futuro senador”, além de repetir frase lapidar do ex-ministro José Américo de Almeida de que “ninguém se perde no caminho da volta”. Ricardo foi militante do PT até 2003, quando deixou o partido após ser preterido na escolha para candidato a prefeito de João Pessoa, tendo, então, se filiado ao PSB, pelo qual foi eleito duas vezes à prefeitura e duas vezes ao governo do Estado.
A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que Ricardo e a ex-prefeita do Conde, Márcia Lucena, foram vítimas de um massacre político, jurídico e midiático, “forjado para intimidá-los”, numa referência à Operação Calvário, uma investigação do Ministério Público, com o reforço do Gaeco, que apura desvios de recursos públicos da Saúde e da Educação no governo da Paraíba durante os mandatos de Ricardo, mediante conluio com organizações sociais com as quais o Executivo estadual firmou contratos de prestação de serviços. Dilma deu seu “testemunho” de que Ricardo Coutinho “sempre esteve ao nosso lado e foi decisivo nos projetos sociais realizados pelo PT e nas lutas mais trágicas deste país que foram o ‘golpe’ e a prisão do presidente Lula”. O ‘golpe” mencionado por Dilma diz respeito ao processo de impeachment movido contra ela pela Câmara dos Deputados, referendado pelo Senado, que completou cinco anos recentemente.
Na opinião de Dilma Rousseff, Ricardo e seguidores(as) voltam na hora certa, “quando nos preparamos para eleger Lula e uma bancada forte no Congresso para restabelecer a soberania nacional e reerguer nosso país”. Gleisi Hoffmann disse que os novos filiados sempre estiveram juntos com o PT e identificam no ex-presidente Lula a esperança para o país. “Ricardo Coutinho estará na direção desse processo aí na Paraíba”, enfatizou a presidente nacional petista. Lula da Silva creditou a Gleisi a articulação para recepcionar Ricardo, Márcia, Estela, Cida e Jeová e comentou a nova viagem que fará ao Nordeste, incluindo agora a Paraíba, Sergipe e Alagoas. Lula falou, também, sobre o aumento de preços dos gêneros alimentícios e fez outras duras críticas ao governo de Jair Bolsonaro.
Ricardo Coutinho externou sua gratidão aos dirigentes do PT, historiou benefícios trazidos para a Paraíba pelos governos de Dilma Rousseff e Lula da Silva e bateu forte em Bolsonaro. “O povo não escolheria Bolsonaro se Lula, que tanto fez pelo povo, estivesse na disputa em 2018”, comentou Ricardo. O ato de refiliação de Ricardo foi tratado como “ato pela democracia”, pontuando o compromisso de honra do PT com as liberdades democráticas que teriam sido ameaçadas pelo presidente Jair Bolsonaro.