O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato a presidente da República nas eleições de 2022 pelo PDT, foi vítima de tentativa de agressão, ontem, depois de discursar na Avenida Paulista, em São Paulo, no ato anti-Bolsonaro. Na ocasião, Ciro e seus assessores foram abordados por militantes da Central Única dos Trabalhadores, ligada ao PT e contrários à presença do ex-ministro na manifestação. Um deles tentou jogar uma garrafa no pedetista, enquanto outros atiraram pedaços de madeira no veículo. Ciro saiu ileso, de acordo com informações do UOL, mas houve uma rápida briga entre os dois grupos. “Esse tipo de incidente é lamentável. Isso nunca foi orientação do PT”, reagiu a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR).
A deputada preferiu destacar a unidade de nove partidos e organizações sociais que foi construída para formar o palanque do ato de ontem. Ela ressaltou a diversidade de ideias, de propostas, de posicionamentos políticos, acentuando que “não é algo simples de combinar”. E emendou: “Apesar das divergências, a gente está seguindo por um movimento. É óbvio que tem essas questões colaterais. Mas eu acho que temos que mostrar o seguinte: tem uma unidade no comando das forças políticas, das forças sociais e do movimento sindical para que a gente tenha um foco. Nosso inimigo é Bolsonaro”. Sobre as vaias que Ciro recebeu durante o discurso, a deputada diz que não há como controlar. Quanto à tentativa de agressão, Gleisi avalia que o episódio não reflete o esforço e o clima da construção da unidade na divergência. “O compartilhamento e organização do ato é mais forte do que isso”, acredita a petista.
Os ataques constantes desferidos por Ciro Gomes contra setores da esquerda, especialmente o PT e mais especificamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, custaram caro ao ex-ministro, segundo a “Revista Fórum”. Acrescenta que Ciro assimilou o golpe e reagiu às vaias. “O Brasil é maior que o fascismo travestido de vermelho ou de verde e amarelo. Meia dúzia de bandidos travestidos de esquerda acham-se donos da verdade”, verberou. Fato semelhante havia ocorrido pela manhã nas manifestações contra Bolsonaro no Rio de Janeiro. As vaias forçaram Ciro a fazer um discurso relâmpago. Gleisi Hoffmann havia postado um tuíte, rebatendo notícia falsa divulgada por Ciro, em que associou o ex-presidente Lula à Prevent Senior, investigada na CPI da Covid no Senado. Disse Gleisi: “O PT está na linha de frente da CPI da Pandemia, investigando Prevent Senior e todas as denúncias. Onde está a turma boa do Ciro Gomes? O povo está cansado de fake news e de acusação falsa, mas Ciro não aprendeu nada. Que fim de carreira”.
Conforme levantamento dos organizadores, os atos públicos de ontem reuniram 700 mil pessoas em 304 cidades. Foi a sexta mobilização nacional contra o presidente da República realizada desde o início do ano. Também ocorreram manifestações em 18 países diferentes, como Alemanha, Argentina, Canadá, Estados Unidos, Espanha, França, Inglaterra, Itália, Porto Rico, Suíça, Dinamarca, Bélgica, Áustria, Holanda, Irlanda, México e República Checa. “Toda essa movimentação demonstra que a luta, o desejo, a vontade pelo #ForaBolsonaro continua presente, cada vez mais, em amplos setores da sociedade”, diz trecho de nota divulgada pelos organizadores. Os atos de protesto verificaram-se em João Pessoa, com grupos de militantes petistas e de outras correntes que combatem o presidente Jair Bolsonaro.