Nonato Guedes
A perspectiva de união entre o Partido Verde e o Cidadania numa federação partidária nas eleições de 2022 está bastante avançada no plano nacional e, se concretizada, provocará reviravolta no quadro político paraibano. O PV, no Estado, é presidido pelo ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, enquanto o Cidadania, dirigido por Ronaldo Guerra, tem como líder maior o governador João Azevêdo. Cartaxo faz oposição ao governo de Azevêdo e vem aprofundando contatos com o Partido dos Trabalhadores, para a hipótese, inclusive, de voltar à sigla. Ele deu a entender que, se tivesse um sinal verde do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, poderia se candidatar a governador pelo PT local.
Matéria do “Correio Braziliense” informa que a confirmação de que as federações partidárias poderão disputar as próximas eleições, definida esta semana, reacendeu as negociações em torno da construção de alianças. Partidos pequenos, ameaçados pela chamada cláusula de desempenho, mecanismo que tem o objetivo de restringir o funcionamento de siglas que não alcançaram porcentual mínimo de votos na disputa para a Câmara, são os principais interessados. Entre as tratativas mais avançadas, PV e Cidadania podem caminhar juntos em 2022, acrescenta o jornal. O presidente do Cidadania, Roberto Freire, e o presidente do PV, José Luiz Penna, se reuniram nos últimos dias para discutir a união das duas agremiações. “Para o Cidadania, vale a pena formar uma federação. A gente tentou a Rede, mas ela aparentemente desistiu”, afirmou Freire, lembrando que o partido tem sete deputados federais e que o PV conta com quatro deputados.
A federação prevê a união de dois ou mais partidos para formar um bloco durante a eleição e no exercício dos mandatos. A aliança deve vigorar, necessariamente, por quatro anos no Congresso e nos Legislativos de todo o país. Pela refra, as legendas devem atuar no Congresso, Assembleias, câmaras municipais e eleições dentro desse período como se fossem um único partido. As siglas poderão, porém, manter seus símbolos, programas e procedimentos internos. Roberto Freire avalia que as federações devem ser o embrião de novos partidos. “É uma forma de fazer a transição após o fim das coligações. A federação funciona como um partido por toda a legislatura e tem uma eleição no meio. É preciso que haja muito mais convergências. É diferente de uma coligação meramente eleitoral”, comentou. A assessoria da Rede informou que o tema será debatido na próxima reunião do Elo Nacional, como eles chamam a Executiva partidária. A decisão do Congresso, que derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto de lei permitindo a criação de federações partidárias, foi comemorada pelo PCdoB, que tem oito deputados e se empenhou na articulação em torno da aprovação original da medida e derrubada do veto. O PCdoB tem dificuldades de superar a cláusula de desempenho e é tradicional coligado do PT.
Oficialmente, até agora, não houve reações na Paraíba, nem da parte do “clã” Cartaxo nem do esquema do governador João Azevêdo em torno da hipótese de união do PV e Cidadania sob a égide de uma federação. Os planos que têm sido anunciado pelo ex-prefeito Luciano Cartaxo, entretanto, não sinalizam de forma alguma para uma aproximação com o governador João Azevêdo ou com o Cidadania. Pelo contrário, Cartaxo tem se reaproximado do PT, ao qual já foi filiado e pelo qual se elegeu à prefeitura pela primeira vez em 2012, proclama apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e faz sondagens sobre a possibilidade de retornar à legenda e sobre as condições de convivência com o ex-governador Ricardo Coutinho, que se refiliou ao Partido dos Trabalhadores. O presidente estadual do PT, Jackson Macêdo, é um entusiasta do reingresso de Luciano Cartaxo nos quadros partidários.