Nonato Guedes
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), um dos possíveis pré-candidatos a presidente da República, afirmou em entrevista à revista “Veja” que pode desistir de ser candidato se for para beneficiar a terceira via, que ainda não definiu um representante para o pleito do próximo ano. “Se ficarmos fracionados, não teremos uma terceira via. Teremos Lula ou Bolsonaro sucedendo a esse governo, o que seria um desastre”, explicou, a um ano das eleições presidenciais no Brasil. Doria se inscreveu para concorrer às prévias do PSDB em novembro que indicarão o candidato do partido ao Planalto, tendo como principal oponente o governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul. A “terceira via” é a alternativa de voto ao atual presidente Bolsonaro (sem partido) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para Doria, caso um dos dois – Lula ou Bolsonaro – assuma a presidência, “o Brasil não vai resistir”. Ele adiantou: “Todos nós que somos pré-candidatos temos que ter a humildade de abrirmos mão, se necessário, em torno de um nome que possa ser vencedor”. Na semana passada, o governador paulista foi visto jantando com os ex-ministros Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta, outras possibilidades para representar a terceira via. Segundo Doria, a reunião foi apenas para diálogo, sem nenhuma decisão concreta tomada. Além deles, nomes como Ciro Gomes (PDT) e Eduardo Leite (PSDB) surgem como opções aos dois presidenciáveis que se destacam nas pesquisas.
Um levantamento divulgado na semana passada pelo “Poder360” demonstrou que Lula segue na liderança de projeções do primeiro turno das eleições do ano que vem, com 40% das intenções de voto, à frente de Bolsonaro, que tem 30%. O petista ainda ganhou força no segundo turno e hoje venceria o atual presidente, Leite e Doria, que conquistou apenas 3% das intenções de voto. Outros candidatos não foram pesquisados em um cenário contra Lula. Na entrevista à “Veja”, Doria destacou: “Eu não disputarei a eleição para governador de São Paulo”. Apesar de aparecer com percentual pequeno nas intenções de voto, o governador acredita que “temos tempo e temos eleitores”. Ele também disse que adquiriu uma certa impopularidade por ter imposto medidas de quarentena, distanciamento social e uso de máscaras no Estado durante a pandemia de coronavírus. Se eleito para presidente, o tucano prometeu um governo liberal e social-democrata.
– Sou liberal na economia e social-democrata no combate às desigualdades. Hoje não é possível ser totalmente liberal com a pobreza no Brasil – explicou. As prévias dentro do PSDB estão marcadas para o dia 21 de novembro, e, correndo por fora, figura o ex-prefeito de Manaus e político veterano Arthur Virgílio. A movimentação ensaiada já provocou uma divisão entre os mais ilustres representantes da velha guarda da sigla: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso optou por João Doria e o senador Tasso Jereissati anunciou apoio a Eduardo Leite. Com o domínio da máquina da sigla na unidade da federação mais rica do país e 50 bilhões de reais para investimentos em 2022,o grupo de Doria vinha alardeando que esperava por 99% dos votos no colégio eleitoral paulista e que o candidato já recebera também apoios declarados dos diretórios do Distrito Federal, Pará, Acre e Tocantins, tentando avançar ultimamente no Centro-Oeste. O deputado mineiro Aécio Neves é o grande defensor, dentro do partido, da tese da não candidatura. Nos bastidores, afirma-se que é uma manobra de Aécio com interesse particular: sem o investimento em um presidenciável do PSDB, sobraria mais dinheiro do Fundo Partidário para políticos em busca de reeleição, como é o caso dele, que precisa do escudo da imunidade parlamentar para se proteger da Justiça. (Com informações do UOL e da Veja).