Nonato Guedes
O deputado estadual Cabo Gilberto Gomes da Silva (PSL), que virou manchete na mídia nacional por ter parado as sessões presenciais na Assembleia Legislativa da Paraíba por insistir em participar delas mesmo não estando vacinado contra a Covid-19, uma exigência que consta da resolução da Mesa Diretora para a reabertura das atividades, está no seu primeiro mandato parlamentar, é alinhado com posições de direita e atua em diversas áreas como saúde, educação, infraestrutura, meio ambiente, e, principalmente, na defesa de uma segurança pública mais eficiente. Ele é o líder do bloco de oposição ao governo João Azevêdo (Cidadania) na ALPB e esteve em São Paulo, no palanque do presidente Jair Bolsonaro, na avenida Paulista, em São Paulo, no Sete de Setembro, quando o mandatário atacou instituições como o Supremo Tribunal Federal e o Legislativo, citando nominalmente ministros da Corte.
Esta semana, o presidente da Assembleia, Adriano Galdino (PSB), marcou para terça-feira o retorno das atividades, de forma presencial, para deputados e servidores que estivessem comprovadamente imunizados com as duas doses contra o coronavírus. O deputado Cabo Gilberto, que vinha cobrando a Mesa para retomar sessões presenciais, depois de mais de um ano sem a sua realização, surpreendeu a todos ingressando no prédio da Casa de Epitácio Pessoa e adentrando o plenário apenas com resultados de testes rápidos com resultados negativos para a Covid-19. Alguns parlamentares abandonaram o recinto em protesto pela atitude de desobediência do parlamentar, que deu declarações dizendo não ser contra a vacina mas defendendo o seu direito de opção. O presidente Adriano Galdino, ao mesmo tempo em que determinou o retorno das sessões remotas, disse esperar que o deputado se vacinasse o mais rapidamente possível, para que o Legislativo “possa virar essa página desgastante”.
A situação do deputado Cabo Gilberto é considerada delicada no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa, acionado para examinar o assunto, e houve sugestões à Mesa da Assembleia, por parte de entidades da sociedade e adversários do parlamentar no sentido da cassação do seu mandato por falta de decoro. Enquanto isso, deputados passaram a atuar para tentar convencer a todo custo o deputado a se imunizar com rapidez. A deputada Jane Panta, do PP, que é médica, revelou ter proposto ao Cabo Gilberto que tomasse a vacina da dose única (a da Jansen) para que a Assembleia possa retomar os trabalhos em plenário, dada a urgência de apreciação de matérias em pauta. Em suas redes sociais, o deputado Cabo Gilberto fez uma postagem clamando para que a população fique atenta às “manobras” que, segundo ele, estão sendo urdidas para cassar o seu mandato.
O comportamento do parlamentar constitui um fato inusitado na história da Assembleia da Paraíba e dividiu opiniões na sociedade, realimentando querelas ideológicas e discussões sobre posturas negacionistas estimuladas pelo próprio presidente Bolsonaro, que, na semana passada, compareceu à Assembleia Geral da ONU em Nova York, e discursou na tribuna, mesmo sem estar imunizado. O Cabo Gilberto começou a vida militar no ano de 2002, entrando para a Polícia aos 20 anos de idade. Foi promovido à patente de cabo. Formou-se no curso do Choque, Estágio de Táticas em Dupla, Força Nacional, Moto patrulha e Força Tática. Trabalhou no Primeiro Batalhão da Polícia Militar da Paraíba, atuando como rádio-patrulheiro, guarda do Quartel, e na guarda do Presídio do Roger. Também trabalhou no Departamento da Força Nacional de Segurança Pública e no Estado do Rio de Janeiro, durante a operação dos Jogos Pan Americanos, fazendo a segurança do Morro do Alemão. Em seguida, trabalhou na segurança do Presídio de Pedrinhas, no Estado do Maranhão.
Natural de Santa Rita, na Grande João Pessoa, possui Bacharelado em Direito pela Unipê (2014) e especialização em Segurança Pública. Filho do sargento Geraldo Gomes da Silva e da professora Maria Santana da Silva, nasceu no dia primeiro de abril de 1981. Ao completar um ano de idade, mudou-se com seus pais e irmãos para João Pessoa, onde morar no bairro de Mangabeira, onde reside até hoje. A iniciação política propriamente dita foi em 2014 quando se candidatou a deputado estadual pelo PROS, obtendo 4.012 votos, com isto não se elegendo. Em 2016, candidatou-se a vereador em João Pessoa pelo PRB e obteve 1.953 votos, mas não conseguiu o mandato titular. Finalmente, em 2018, disputou a deputação estadual pelo PSL, obtendo 23.273 votos. Além de líder da oposição, integra Comissões de Administração, Serviço Público e Segurança, sendo suplente de outras Comissões Temáticas. É intransigente ao reivindicar melhoria da estrutura da Polícia Militar, da segurança pública no Estado, melhoria do soldo e equiparação de salários entre policiais militares da ativa e aposentados. Nos bastidores da Assembleia, continuam sendo feitas gestões para resolver o impasse criado pelo deputado quanto ao funcionamento normal da Casa de Epitácio Pessoa.