O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, voltou a afirmar, ontem, que é contra a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção contra a covid-19. O cardiologista paraibano afirmou, em relação às máscaras, que “o cuidado é individual e o benefício de todos”. Mas, adiantou: “Lei que obrigar o uso é ineficaz. As pessoas precisam se conscientizar”. Para justificar o seu ponto de vista, Queiroga fez uma nova comparação: “O nosso problema não é máscara, são narrativas que não se sustentam. Por exemplo, preservativo diminui doenças, mas vou fazer uma lei pra obrigar o uso?”.
O ministro completou: “Todos sabem o que estou fazendo aqui. Na minha gestão, a pandemia diminuiu. É trabalho de todos nós, inclusive de vocês, da imprensa, que passam informações”. Queiroga foi perguntado sobre qual era o seu posicionamento sobre os medicamentos do chamado kit covid, cuja ineficácia contra a doença foi comprovada. Nesta semana, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no Sistema Único de Saúde, órgão consultivo do Ministério, retirou da pauta a análise de um estudo de especialistas contra o uso de cloroquina, ivermectina e outros remédios do kit. Vice-presidente da CPI da Covid, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro interferiu para a retirada de pauta.
Queiroga disse desconhecer o documento da Conitec, que seria votado na quinta-feira. “Desconheço o documento da Conitec, quando é submetido a uma análise, é colocado em consulta pública, podem analisar novamente, tem audiência pública e depois que recomenda o secretário decide. Se tiver questionamento, convém ao ministro decidir. A Conitec tem 10 anos. E o que é Conitec? Eu submeti à Conitec uma proposta de protocolo clínico”, disse o ministro. Por outro lado, Marcelo Queiroga afirmou que seu planejamento para 2022 prevê o investimento de R$ 11 bilhões para a campanha de vacinação contra a Covid-19. Pela primeira vez, os gestores da pasta explicaram alguns dos detalhes já conhecidos da próxima rodada de vacinação.
De acordo com o governo, após reuniões e debates com especialistas, já está previsto para o próximo ano: 1) Uma dose para pessoas de 18 a 60 anos; 2) duas doses para pessoas com mais de 60 anos e imunossuprimidos; 3) vacinação por faixa etária decrescente e não por grupo de risco; 4) vacinação seis meses após a imunização completa em 2021 ou dose de reforço. Também estão previstas duas doses para novos públicos, se houver ampliação (crianças e adolescentes). Ao todo, devem ser necessários 340 milhões de doses e serão utilizadas apenas vacinas com registro definitivo pela Anvisa, o que exclui atualmente a CoronaVac.