Quase dois anos depois de entrar em atrito público e deixar o PSL, partido pelo qual se elegeu presidente da República em 2018, Jair Bolsonaro tenta acertar sua volta ao PP (Partido Progressistas), sigla que lidera o Centrão e por meio da qual ele iniciou sua carreira política. Nesses quase 24 meses, o presidente e seus aliados fracassaram na tentativa de criar do zero uma legenda, a Aliança pelo Brasil, e foram estopim de rachas internas em partidos com os quais negociaram ingresso. Segundo a “Folha de S. Paulo”, citando dirigentes do PP, basta Bolsonar bater o martelo para se filiar.
O Centrão, outrora execrado por Bolsonaro,é hoje a principal base de sustentação do seu governo no Congresso, principalmente na Câmara dos Deputados. Um dos caciques da legenda, o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional, é ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, tendo sido nomeado justamente como parte da estratégia do governo de aproximação com o bloco com vistas a garantir aprovação de matérias consideradas relevantes e do seu interesse em plenário legislativo. Várias legendas acenaram a Bolsonaro com interesse na sua filiação, a exemplo do PTB, cujo dirigente nacional, Roberto Jefferson, foi preso sob acusação de incitar a prática de atos antidemocráticos no país.
O presidente foi a São Paulo no feriado e ouviu aplausos e vaias por parte de manifestantes. Numa conversa que chegou a manter com apoiadores no Guarujá, ele foi questionado sobre as mais de 600 mil mortes por Covid-19 no país e respondeu que não tinha ido a São Paulo para se aborrecer. “Em qual país não morreu gente?”, reagiu, sem esconder seu constrangimento. Bolsonaro disse ainda que não pode ser chamado de negacionista, pois o governo desembolsou verbas para vacinas contra a Covid. “Não me chame de negacionista porque, só em dezembro, em Medida Provisória, foi um “checão” de R$ 20 bilhões para tomar a vacina”, alegou.