Presidida pela deputada Estela Bezerra (PSB), a Frente Parlamentar Ambientalista realizou uma visita de campo nos municípios de São José do Sabugi e Santa Luzia para discutir os impactos ambientais da construção de Parques Eólicos, que também estão instalados em São Mamede e Areia de Baraúnas. A construção dessas Usinas teve início no quarto trimestre de 2019 e tem prazo de execução de até 36 meses, estando prevista a conclusão de todos os complexos eólicos em 2022. “Embora a energia eólica, gerada pela força dos ventos, seja reconhecidamente uma fonte limpa e renovável de eletricidade, ela tem um lado negativo que causa impactos ambientais significativos, como a morte de animais e a destruição de vegetação nativa”, disse Estela, acrescentando que foi com o objetivo de auscultar a comunidade sobre as ações e os impactos que a Frente Parlamentar programou a visita de campo.
No roteiro da visita, constaram a Comunidade Redinha, em São José do Sabugi, e a Comunidade Quilombo do Pinga, em Santa Luzia. Para a presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, a energia renovável veio para ficar, “mas é preciso incluir as questões sociais nesse processo”. Estela Bezerra informou que o Brasil fez um estudo e um plano dentro de uma concepção que vinha do governo anterior. “Mas tivemos uma presidenta (Dilma Rousseff) que foi retirada do cargo por meio de um golpe e uma sucessão de novos presidentes que não incluem a pauta ambiental em suas metas. A lei que atraiu as empresas de energia renováveis tinha um pacto social, e esse pacto não está sendo cumprido”, advertiu a deputada.
Vanúbia Martins, da Comissão Pastoral da Terra, indaga: “Como ficou a nossa vida depois que essas empresas vieram? Muitas estradas foram abertas em meio à mata local e não houve ações de reflorestamento. Precisamos ter um olhar crítico na direção da questão ambiental, porque o econômico sempre vem primeiro na cabeça das pessoas”. Estela considera que o encontro foi esclarecedor. “Saímos do Sertão com uma visão ampliada da realidade local e temos uma série de considerações, especialmente no que diz respeito à ampliação do diálogo. São muitas realidades que precisam se adaptar”. Prosseguiu: “Os problemas apresentados aqui se repetem em outras comunidades. Não é uma questão que se resolve sozinho, precisamos de união com a classe política, da comunidade organizada, e de um olhar mais significativo sobre as questões sociais e ambientais”.
Entre os pontos debatidos na visita técnica estão: propor algumas mudanças na legislação ambiental no sentido de diminuir os impactos causados, mobilizar uma audiência pública proposta em Patos para tratar sobre o tema, promover um novo encontro para debater a instalação do Parque de Energia Solar em Patos, onde existe a perspectiva de desmatar 2.700 hectares de mata de caatinga, buscar solução para que as empresas cumpram os benefícios sociais que foram acordados em contrato; realizar um diálogo relativo ao acesso aos contratos firmados com as empresas. Da comitiva participaram ainda a deputada estadual Cida Ramos, Jessica Siviero Vicente, analista de Justiça Climática da Action AID, Anchieta Assis, do Comitê de Energias Renováveis do Semiárido, representantes do Programa de Promoção e Ação Comunitária de Patos, Armando Virgolino, do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável de Santa Luzia, representantes do Programa de Desenvolvimento Local do Agreste da Paraíba, entre outros pesquisadores, líderes comunitários e vereadores dos municípios visitados.