O ex-deputado federal Roberto Jefferson afirmou que o presidente Jair Bolsonaro e seu filho Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) se viciaram em dinheiro público ao se aproximarem de políticos do Centrão e convidou o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, para lançar-se candidato à presidência pelo PTB em 2022. Em carta enviada ao advogado, do complexo penitenciário de Bangu 8, onde cumpre prisão preventiva, Roberto Jefferson criticou a aproximação do chefe do Planalto a políticos como Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil, e Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, a quem também chamou de “viciados”.
– O presidente tentou uma convivência impossível entre o bem e o mal. Acreditou nas facilidades do dinheiro público. Esse vício é pior que o vício em êxtase. Quem faz sexo com êxtase tem o maior orgasmo que o corpo humano pode proporcionar. Desfrutou do prazer decorrente do dinheiro público, ganho com facilidade, nunca mais se abdica desse gozo paroxístico que ele pode proporcionar. Bolsonaro cercou-se com viciados em êxtase com dinheiro público: Farias, Valdemar, Ciro Nogueira e, assim, não voltará aos trilhos da austeridade de comportamento. Quem anda com lobo, vira lobo, vide Flávio Bolsonaro – diz a carta revelada pelo “O Globo”.
Jair Bolsonaro havia sido convidado publicamente pelo ex-deputado para se filiar ao PTB antes da corrida eleitoral de 2022, mas o convite foi descartado depois das críticas. Jefferson confirma que a sigla ainda terá candidatura própria. “Vamos convidar o Hamilton Mourão. O PTB terá candidatura própria, quem sabe apoiamos o Bolsonaro no segundo turno”. Preso preventivamente desde agosto desde ano por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, Roberto Jefferson é investigado pelo envolvimento com milícias digitais que atuam em atos antidemocráticos. Ainda assim, voltou a defender os atos de Setembro e afirmou que Bolsonaro “fraquejou” ao não atender aos pedidos “do povo que foi às ruas”.
– Todo o povo saiu às ruas para dizer: eu autorizo, não havia volta, não havia transigência com as velhas práticas. Mas, por algum motivo, Bolsonaro fraquejou. Não teve como seguir. Escrevo isso insone. Não preguei meus olhos. Esse pensamento queimou minhas pestanas, não consegui fechar meus olhos e dormir. Vamos por nós mesmos – frisou Roberto Jefferson, desabafando que Bolsonaro “era a ruptura” e foi eleito para romper com uma velha política que teve origem na redemocratização com base no toma lá, dá cá. “O Bolsonaro deveria ter aprofundado a ruptura, os choques seriam intensos, como o rugido das ondas nas paredes rochosas dos litorais, mas ressaqueado até que passasse esse ciclo da lua, quando tudo seguiria o retorno da nova liderança. Mas ele foi cercado pelas figuras do Centrão, que o fizeram capitular frente aos rosnados das bestas famintas de dinheiro público”.