O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, debochou, durante conversa com o secretário-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom, no intervalo da cúpula do G20, das acusações de genocídio que pairam sobre o presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia de Covid-19 e ironizou a acusação apresentada ao Tribunal Penal Internacional de Haia. Queiroga, na ocasião da cena, estava acompanhado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, que também minimizou as acusações que lhe atribuem. “Sou o único chefe de Estado do mundo investigado e acusado de genocida. É a política, né….”, disse Bolsonaro ao diretor da OMS.
O mandatário brasileiro foi acusado de nove crimes, incluindo três crimes contra a humanidade, no relatório final da CPI do Genocídio. Ele ficou o tempo todo isolado dos demais chefes de Estado no G20 e teve vetada sua participação na foto oficial que reuniu autoridades de vários países. O ministro Marcelo Queiroga debochou do Tribunal de Haia: “Eu também. Vou com ele (Bolsonaro) para Haia. Passear lá em Haia”, disse o cardiologista paraibano. A CPI entregou o relatório final ao TPI em razão da ausência de legislação no Brasil para o julgamento de crimes contra a humanidade. Queiroga já havia protagonizado vexame durante ida a Nova York, acompanhando Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU. O ministro, durante um passeio de carro, xingou manifestantes que hostilizaram o presidente brasileiro.
Na conversa em Roma, Bolsonaro ainda criticou a vacinação em adolescentes, dizendo que estaria seguindo orientação da Organização Mundial da Saúde. Tedros se manteve em silêncio. Em publicação feita no Twitter, o secretário da OMS disse que discutiu com Bolsonaro “o potencial do Brasil para produção local de vacinas e medicamentos, o que também poderia atender às necessidades da América Latina e do mundo”. Na terça-feira, o relatório final da CPI aprovado por 7 votos a 4 solicitou o indiciamento de 78 pessoas e duas empresas (Precisa Medicamentos e VTC Log). O texto foi entregue à Procuradoria-Geral da República, ao Supremo Tribunal Federal e será enviado ao Tribunal Penal Internacional de Haia. Os crimes imputados a Bolsonaro no relatório final da CPI envolvem desde crime de epidemia com resultado de morte a charlatanismo, falsificação de documentos e emprego irregular de verba pública, além de crimes contra a humanidade.