Chocou o Brasil a notícia da morte da cantora Marília Mendonça, de 26 anos, na tarde de ontem, 5, após a queda de um avião de pequeno porte perto de uma cachoeira na serra de Caratinga, interior de Minas Gerais. Mais quatro pessoas faleceram no acidente – seu produtor Henrique Ribeiro, seu tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho, o piloto e o copiloto do avião, cujos nomes foram preservados. O avião decolou de Goiânia com destino a Caratinga (MG) onde Marília teria uma apresentação na noite de ontem. Artistas, celebridades e milhares de fãs da artista, que era conhecida como a “Rainha da Sofrência”, ficaram impactados com a notícia e registraram manifestações de solidariedade à família em postagens feitas em redes sociais.
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) confirmou que o avião bimotor atingiu um cabo da torre de distribuição da empresa em Caratinga, antes de cair. Há dois anos, Marília Mendonça fez um post em que confessou que não gostava de avião. As músicas de Marília Mendonça arrebataram o Brasil com letras e melodias intensa e românticas. Considerada uma das artistas mais populares do sertanejo, Marília liderou uma reviravolta feminina no gênero, que impôs mulheres como protagonistas do estilo até então dominado quase apenas por homens, a partir de 2016, no chamado “feminejo”. Por outro lado, consagrou-se como uma artista carismática, de fácil comunicação com o público. Ela nasceu em Cristianópolis, Goiás, em 22 de julho de 1995. Entre seus grandes sucessos, que a colocaram como uma das cantoras mais ouvidas do país, estão “Infiel”, “De quem é a culpa?” e “Eu sei de cor”. Ela deixa um filho, Léo, que completa dois anos em dezembro.
A aeronave era um bimotor Beech Aircraft da PEC Táxi Aéreo de Goiás, com capacidade para seis passageiros. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil, Anac, o avião estava em situação regular e tinha autorização para fazer táxi aéreo. Antes do voo, Marília Mendonça fez um vídeo com imagens do embarque e de dentro do avião e publicou nas redes sociais. Por volta das 16h30 de ontem, a assessora de imprensa de Marília Mendonça informou ao portal G1 que a cantora e todos que estavam no avião já teriam sido resgatados e estavam bem. A assessora voltou a confirmar a informação às 16h50. Por volta das 17h15 informou que havia perdido o contato com o empresário da cantora e que não podia mais confirmar a informação de que ela estava bem. Às 17h45 a assessora informou em nota oficial que a cantora havia morrido.
O último álbum que a cantora lançou foi “Patroas 35%”, em parceria com a dupla Maiara e Maraísa. O trio comemorava a indicação ao Grammy Latino deste ano. Elas chegaram a lançar o clipe de “Fã Clube” ontem, inclusive Marília fez vídeos divulgando a música antes de embarcar para Minas Gerais. Marília Dias Mendonça era compositora desde criança. Aos 16 anos, vendeu sua primeira composição, “Minha Herança”, para a dupla João Neto e Frederico. Foi com essa música escrita aos 12 anos que Mendonça começou a chamar a atenção na cena sertaneja. Ela entrou para o WorkShow, um dos maiores escritórios de sertanejo do país, como compositora e conseguiu emplacar músicas que foram gravadas por Henrique e Juliano, Jorge e Mateus e Cristiano Araújo. O primeiro EP como cantora foi lançado em 2014 e já tinha músicas como “Alô Porteiro” e “Sentimento Louco”. Mas foi com o álbum de estreia, “Marília Mendonça”, de 2016, que a cantora conseguiu projeção nacional com a canção “Infiel” e ganhou o título de “Rainha da Sofrência”. O feminejo foi a tendência mais forte na música pop brasileira a partir daquele ano e isso se refletiu nas paradas de sucesso. Tanto que o clipe da música sobre traição bateu mais de 1 bilhão de visualizações. Numa entrevista naquele ano, Marília explicou o sucesso do feminejo, com letras empoderadas sob a ótica da mulher:
“A mulher parou de cantar o que o homem quer ouvir e passou a cantar o que a mulher gosta de ouvir. Antes, as mulheres tinham que ouvir a música voltada para o homem”, afirmou, em 2016. “Mas mulher também trai, bebe, não aguenta homem folgado. Às vezes, pode ser até os mesmos assuntos, mas com uma abordagem diferente, mais feminina”. Na escalada do sucesso, Marília lançou o DVD “Realidade” gravado em Manaus, com outros sucessos como “Amante Não Tem Lar” e “Eu Sei de Cor”, em 2017. A parceria de longa data com Maiara e Maraísa, cantoras que são amigas antigas de Marília, foi registrada em álbum pela primeira vez no “Agora é que são elas”, em 2016. Dois anos depois, elas lançaram um segundo volume. O maior projeto da carreira de Marília foi o “Todos os Cantos”, quando a cantora excursionou pelo Brasil e gravou uma música em cada capital. Ela aparecia de surpresa na cidade e fazia apresentações de graça em praças públicas. Isto chegou a ocorrer em João Pessoa, com grande repercussão. No final de 2019, Marília fez uma pausa na carreira no sétimo mês da gravidez do filho Léo, fruto do relacionamento com o sertanejo Murilo Huff. Eles tiveram um namoro de idas e vindas mas não estavam juntos desde setembro. Léo estava com o pai na hora do acidente. Depois que voltou aos palcos, Marília estava tocando o projeto “Patroas” com a dupla Maiara e Maraísa.