Nonato Guedes
O deputado federal paraibano Julian Lemos (PSL), que se elegeu em 2018 ‘colado’ à candidatura de Jair Bolsonaro a presidente da República, prestigiou o ato de filiação ao Podemos, em Brasília, do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, que foi interpretado como pontapé da campanha deste à presidência da República no próximo ano. Julian Lemos sempre elogiou as “qualidades” de Sergio Moro, julgando-o credenciado para alçar a voos maiores. Além dele, outros deputados federais ex-bolsonaristas estavam presentes à solenidade, como Júnior Bozella (SP), Dayane Pimentel (BA) e Luís Miranda (DF).
Julian Lemos chegou a declarar à imprensa que a pré-candidatura de Sergio Moro a um mandato eletivo é legítima como a de qualquer outro cidadão. Salientou que a operação Lava-Jato, comandada pelo ex-juiz, teve seus méritos no enfrentamento à onda de corrupção no Brasil e, por isso, foi aplaudida pela sociedade por representar um fato novo, “uma cruzada corajosa, colocando na cadeia figurões que foram mencionados com ligações com organizações corruptas”. Textualmente, enfatizou o parlamentar paraibano: “Ninguém pode tirar o mérito de cada ação da Justiça e ainda que a Lava Jato seja destruída ou que se possa questionar alguns fatos, o que ocorreu com diretores da Petrobras ligados diretamente ao PT e de outros cargos importantes devolvendo milhões aos cofres do Tesouro, não tem como apagar”.
Na campanha eleitoral de 2018, Julian chegou a atuar como um dos coordenadores, na região Nordeste e, especialmente na Paraíba, da campanha do então candidato Jair Bolsonaro, que concorreu pelo PSL. Posteriormente, no entanto, já como deputado federal, Julian Lemos desentendeu-se publicamente com filhos do presidente Jair Bolsonaro e se afastou do presidente da República, ainda que tenha continuado a votar a favor de matérias enviadas pelo governo federal e que considera relevantes para a pauta conservadora, plataforma que ele apoia. Nas negociações para escolha de um partido em que se filiar, Bolsonaro condicionou seu retorno ao PSL à expulsão de parlamentares como Julian Lemos, alegando não confiar nele. O PSL aprovou recentemente o processo de fusão com o Democratas para a criação do União Brasil, que deverá ganhar configuração a partir de janeiro do próximo ano.