Nonato Guedes
A perspectiva de reeleição do governador João Azevêdo (Cidadania) em 2022 é tão confortável que o atual chefe do Executivo paraibano só perde o pleito para ele mesmo, ou seja, se cometer erros fatais na estratégia política que por enquanto conduz com bastante habilidade. O prognóstico foi feito, ontem, em entrevista à rádio Arapuan, pelo presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, ainda filiado ao PSB mas vivendo a expectativa de ingressar no “Avante” tão logo seja aberta a janela partidária para candidatos às eleições do próximo ano. A alegoria sobre Azevêdo foi usada por Adriano Galdino para explicar que não identifica, no horizonte político local, adversários em condições de derrotar o gestor eleito em 2018.
A seu ver, não há adversários competitivos para João Azevêdo nem na oposição bolsonarista local, onde o deputado estadual Cabo Gilberto Silva (PSL) se oferece como opção para concorrer ao governo, nem na oposição comandada pelos Cunha Lima (PSDB), cujo candidato deverá ser o deputado federal Pedro Cunha Lima e nem no agrupamento liderado pelo ex-governador Ricardo Coutinho, que atualmente está filiado ao PT depois de militância nas hostes do PSB, onde obteve vitórias ao governo estadual e à prefeitura municipal de João Pessoa. O deputado Adriano Galdino considera que João Azevêdo vem desenvolvendo uma “excelente administração” na Paraíba e acredita que o resultado das ações administrativas é que credencia o chefe do Executivo a conquistar um novo mandato nas urnas. Em paralelo, considera que as oposições estão desarticuladas.
O presidente da Casa de “Epitácio Pessoa” revelou, na entrevista, que mantém de pé a pretensão de integrar a chapa majoritária encabeçada por Azevêdo nas eleições do próximo ano, no papel de candidato a vice-governador. Salienta que respeita eventuais nomes que têm sido especulados através da imprensa e que admite, mesmo, que nas projeções de alguns líderes políticos com quem se relaciona bem o seu nome consta, sempre, como segunda opção para figurar numa vice de João na campanha à reeleição. Alertou, porém, que isto não o desencoraja de continuar lutando para obter a vaga. Deixa claro, pela enésima vez, que não fará “cavalo de batalha” da pretensão de ser companheiro de chapa do governador na sua segunda disputa, mas avalia ter credenciais para representar o posto à altura e, pessoalmente, tem o desejo de percorrer o Estado anunciando “feitos” do governo de João Azevêdo.
Na opinião do deputado Adriano Galdino, somente lá para junho do próximo ano é que o governador atual terá sinalização mais segura da chapa, com os nomes de candidatos a vice-governador, senador e suplentes de senador, reconhecendo que a antecipação de palpites seria precipitada e até mesmo contraproducente para o êxito da estratégia política-eleitoral de João Azevêdo. O presidente da Assembleia Legislativa considera legítimas as pretensões dos deputados federais Aguinaldo Ribeiro (PP) e Efraim Filho (DEM) em conseguir o apoio do governador como candidatos do seu esquema ao Senado. De sua parte, tem compromisso de apoio à postulação do deputado Efraim Filho, cujo partido está em processo de fusão com o PSL para passar a se chamar “União Brasil”, mas insiste em que o tempo do governador João Azevêdo nesse processo de definição precisa ser refletido e respeitado pelas forças políticas que estão comprometidas com o seu projeto de recondução ao Palácio da Redenção.
Galdino não acha incompatível a tática de Azevêdo para ganhar tempo nas definições da chapa com o aprofundamento, por parte do governador, do diálogo com as forças políticas que compõem o seu arco de sustentação. Considera que há muitos questionamentos sobre a natureza das eleições do próximo ano, tanto majoritárias quanto proporcionais, em virtude de mudanças já enxertadas na legislação que irá regê-las, no que diz respeito, por exemplo, à ausência de coligações. Avalia que, internamente, diferentes partidos estão procurando superar dificuldades que desde já se apresentam e que ameaçam possibilidades de boa performance na disputa proporcional do próximo ano, em torno de cadeiras na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa. O diálogo do governador com os aliados e seus respectivos partido ajudaria, a seu ver, a dirimir dúvidas e a facilitar composições que garantissem sobrevivência no cenário político de 2022.
O presidente do Poder Legislativo da Paraíba considera que, do ponto de vista da atuação parlamentar, a ALPB vivenciou uma das mais produtivas legislaturas da sua história no exercício de 2021, porque demonstrou capacidade de se reinventar em meio à pandemia do novo coronavírus que, felizmente, começa a apresentar sinais de desaceleração no Estado e no país com o avanço da campanha de vacinação de grupos sociais contra a covid-19. Salientou que o modelo de sessões online adotado pela Assembleia Legislativa obteve repercussão nacional, sendo copiado por instituições congêneres, assim como mereceram aplausos proposituras e iniciativas de deputados paraibanos, “de tal sorte que chegamos ao fim do ano com a agenda em dia”. Ele fez questão de destacar uma das conquistas importantes que já começou a ser praticada – a liberação, pelo Executivo, de recursos para obras indicadas em emendas impositivas dos parlamentares. “Governistas e oposicionistas estão sendo contemplados, o que reforça o meu elogio à conduta republicana exemplar com que o governador João Azevêdo tem se pautado”, finalizou o dirigente da ALPB.