Nonato Guedes
Na contramão de Capitais e outras cidades do Nordeste que estão cancelando festividades carnavalescas ou de final de ano, alegando agravamento do quadro de Covid-19, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP) assegurou que, juntamente com sua equipe, trabalha com a perspectiva de realização de um “réveillon descentralizado”, com fragmentação de eventos públicos com vistas a evitar aglomerações. Cícero informou que, pelo planejamento em discussão, a confraternização de fim de ano não será focada, como antes, no busto de Tamandaré, mas em diferentes lugares que serão utilizados como “plataformas”.
O prefeito de João Pessoa observou que o incremento da vacinação de grupos sociais contra a covid diminuiu a incidência de casos de contaminação e de ocupação de leitos de UTI em hospitais e unidades da rede pública de saúde, possibilitando um alívio no ritmo de medidas preventivas que vinham sendo tomadas na fase mais aguda da calamidade do coronavírus. Cícero garantiu que está se posicionando em relação às festividades com o mais absoluto senso de responsabilidade, “como tem sido o procedimento que nós adotamos à frente dos destinos da população”, e disse ter em mãos números e projeções alentadoras sobre redução da taxa de transmissibilidade do coronavírus. O gestor frisou que está em articulação com o Ministério Público, com o governo do Estado e com outros órgãos responsáveis, a fim de que possa ocorrer uma flexibilização dentro da realidade do cenário que se verifica em João Pessoa.
Uma reportagem do UOL revela que o temor de uma onda de covid está levando capitais do Nordeste a reverem planos de réveillon. Lembra que com a volta do turismo a todo o vapor neste ano, as maiores capitais planejaram realizar novamente as festas tradicionais de réveillon na praia, com fogos e atrações e que algumas chegaram a lançar editais para contratar empresas e artistas para a virada de ano. Entretanto, a alta no número de casos na Europa após a reabertura e a vacinação ainda aquém de índices confiáveis fizeram prefeituras recuarem e deixarem em aberto a realização dos eventos, com uma tendência a permitir apenas festas particulares menores. Há o receio de que o réveillon se torne responsável por uma alta acelerada de casos, como na Alemanha, que tem índices de imunização parecidos com os do Brasil.
No Ceará, o governador Camilo Santana, do PT, foi o primeiro a se pronunciar, no domingo, contrário às festividades da virada do ano. Em publicação em suas redes sociais, disse que “eventos festivos, com grandes aglomerações e bebida, necessitariam de absoluto controle, com todas as pessoas comprovadamente vacinadas, além dos protocolos sanitários seguidos, para minimizar os riscos de contágio. E acrescentou: “Onde não houver controle, não pode haver festa”. O prefeito de Fortaleza, Sarto, do PDT, que é aliado do governador, não descarta a festa mas afirmou que a prioridade no momento é avançar na vacinação e que não há qualquer definição sobre o réveillon. A decisão será submetida ao comitê técnico, que é formado ainda pelo governador, Ministério Público, Tribunal de Justiça e pelos infectologistas e epidemiologistas.
No Recife, editais foram lançados para a contratação dos serviços necessários para o réveillon, mas, por precaução, foram feitos três tipos de planejamento, que variam de tamanho de acordo com a liberação das medidas sanitárias da época. Os editais, porém, deixam claro que a prefeitura não irá desembolsar recursos até ter certeza da realização da festa e só haverá pagamento de qualquer serviço após ele ser efetivamente realizado. Se houver festa, a tendência é que ela seja menor do que as realizadas antes da pandemia. O prefeito João Campos (PSB) anunciou recentemente que pensa em uma festa mais adiante, no Carnaval, e propôs uma união das cinco prefeituras que realizam os maiores carnavais de rua do país (Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte) para que decidam critérios unificados e anunciem, juntos, as ações para o Carnaval.