O ex-ministro da Justiça e ex-advogado geral da União, André Mendonça, celebrou, ontem, a aprovação de sua indicação ao Supremo Tribunal Federal. Com um tom de agradecimento a Deus, o novo ministro da Corte disse que a decisão representa “um salto para os evangélicos”. O novo ministro também agradeceu a indicação do presidente Jair Bolsonaro (PL) e estendeu os agradecimentos a todos os deputados e senadores da Frente Parlamentar Evangélica e aos que votaram pela sua aprovação.
Mendonça foi submetido a uma sabatina de mais de oito horas na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e foi aprovado por 18 votos a 9. Depois, recebeu 47 votos a favor e 32 contra no plenário da Casa. Como a votação é secreta, não é possível saber como cada parlamentar se posicionou. Ele será o segundo ministro da Corte indicado por Bolsonaro. O primeiro foi Kassio Nunes Marques. Mendonça só foi aprovado após mais de quatro meses de espera, devido à resistência do senador Davi Alcolumbre (DEM-AM), presidente da CCJ, em agendar a sabatina, e disse que “esse foi um processo longo, difícil, mas de muito aprendizado”. O futuro ministro deve tomar posse do cargo ainda neste ano e acabar com o desfalque no STF, que passou todo o semestre com 10 integrantes.
Apesar do discurso com muitas referências à religião, Mendonça, que é pastor, tentou se descolar da imagem de “terrivelmente evangélico” com a qual foi indicado por Bolsonaro, durante a sabatina. Ele contrariou o presidente da República ao afirmar que não fará orações semanais no STF como pediu Bolsonaro em outubro. O ex-ministro disse “não haver espaço” para manifestações religiosas durante as sessões do tribunal. Além disso, na CCJ, ele defendeu a democracia e o garantismo penal, prometeu respeito a minorias e se comprometeu a defender o Estado laico: “considerando discussões havidas em função de minha condição religiosa, faço importante ressaltar minha defesa do Estado laico”. E completou: “Na vida, a Bíblia. No Supremo, a Constituição”.