Um grupo de juristas, acompanhado de parlamentares, protocolará nesta quarta-feira, 8, na Câmara dos Deputados, um novo pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Entre os signatários estão Miguel Reale Jr., autor da peça de afastamento que culminou na deposição de Dilma Rousseff (PT) em 2016 e o jurista Alexandre Wunderlic. Também assinam o pedido José Carlos Dias, que é ex-ministro da Justiça, e Antônio Claudio Mariz de Oliveira, ex-presidente da secção São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil.
A nova peça tem como base o relatório final da CPI contra a Covid, aprovado em outubro no Senado Federal. No documento, o presidente Jair Bolsonaro é acusado de ter cometido nove crimes, que vão de charlatanismo a crimes contra a humanidade. São essas imputações, que abarcam também prevaricação, infração de medida sanitária, incitação ao crime, entre outras, que constarão do novo pedido de impeachment. O pedido foi elaborado pelos juristas após reuniões com a Frente Parlamentar do Observatório da Pandemia, composto por senadores que integravam a CPI. Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL) e Omar Aziz (PSD-AM), que integraram a direção da CPI e que compõem o Observatório estarão presentes no ato de entrega do pedido de impeachment.
Ao todo, a Câmara dos Deputados já recebeu 137 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Nenhum deles, entretanto, foi levado adiante pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Sobre a possibilidade do novo pedido, como os outros, ficar engavetado, Reale Jr. disse à Folha de São Paulo que vai apresentar a nova peça por uma “obrigação”, independente da decisão de Lira. “Em face do que foi constatado pela CPI, não era possível não formular o pedido. Cada um compõe a sua história. Nós compomos a nossa agindo de acordo com a nossa consciência. Lira comporá a história dele agindo ou se omitindo. Da mesma forma como não se sabia se teria potencial ou não o pedido contra Dilma, não se sabe agora. Mas nós não estamos preocupados com ter ou não ter, mas em cumprir nossa obrigação”, declarou.