O “clã” Feliciano, de que faz parte a vice-governadora Lígia Feliciano (PDT), começou a “desembarcar” do governo de João Azevêdo (Cidadania), mais de um ano depois da eleição municipal para prefeito de João Pessoa, quando começou o distanciamento político. A vice-governadora, através de suas redes sociais, comunicou a entrega do cargo de secretário estadual de Turismo e Desenvolvimento Econômico do Estado por parte do seu filho, Gustavo Feliciano. Salientou que a entrega do cargo não significa rompimento, mas ocorreu para que Gustavo foque na sua pré-candidatura para as eleições de 2022. Gustavo confirmou que é candidato a deputado estadual e agradeceu o apoio e a confiança da parte do governador no período em que atuou. “Queremos ficar inteiramente à vontade na análise do cenário político, econômico e social do Estado”, salientou Lígia Feliciano.
A vice-governadora é cogitada para encabeçar uma chapa ao governo do Estado por segmentos de centro-esquerda que fazem oposição a Azevêdo, como o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV) e o ex-governador Ricardo Coutinho, que retornou aos quadros do PT. A pré-candidatura de Lígia chegou a ser confirmada a repórteres de emissoras de rádio da Paraíba pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que ressaltou as suas qualidades e a experiência para desempenhar cargo executivo. Lígia é vice-governadora desde a gestão de Ricardo Coutinho (2014-2018) e seu marido, o deputado federal Damião Feliciano, é quem comanda, de fato, o PDT no Estado. Na eleição à prefeitura de João Pessoa em 2020, uma filha do casal, Mariana, foi lançada como candidata a vice na chapa encabeçada pela ex-secretária de Educação do município, Edilma Freire (PV), que teve o apoio decisivo de Luciano Cartaxo mas não conseguiu avançar para o segundo turno do pleito.
Desde então, os canais políticos entre o “clã” Feliciano e o governador João Azevêdo parecem interrompidos, o que foi reforçado diante de problemas de saúde enfrentados por Damião com a covid-19. A vice-governadora Lígia Feliciano, que anteriormente cumpria missões delegadas pelo governador, como contatos com grupos empresariais do exterior, sobretudo da China, arrefeceu sua agenda administrativa e tem se mostrado ausente de eventos de maior repercussão patrocinados pelo chefe do Executivo. Na postagem que fez sobre a devolução do cargo de secretário pelo seu filho, Lígia afirmou: “Fizemos isso porque ele vai se dedicar à campanha política e também para ficarmos inteiramente à vontade na análise do cenário político, social e econômico que a Paraíba atravessa”. E arrematou: “Sigo vice-governadora do nosso Estado”.