O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse, ontem, que não há doses da vacina contra covid-19 para contemplar crianças ainda neste ano e que é necessário fazer outra avaliação sobre o tema junto da sociedade. “Quantos dias faltam em 2021? Vocês acham que tem? Quanto tempo a Anvisa demorou para dar um posicionamento acerca dessas doses?”, disse Queiroga a jornalistas. “É preciso ser feita uma análise. A avaliação da Anvisa é uma avaliação, a avaliação feita pela câmara técnica do ministério é outra avaliação. O ministério vai discutir amplamente esse assunto com a sociedade”.
Mais cedo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou a vacina da Pfizer para crianças entre 5 e 11 anos – até então, o imunizante só podia ser aplicado em maiores de 12 anos. Durante transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ter pedido o nome dos integrantes da Anvisa responsáveis pela aprovação da vacina para crianças. “Eu pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para 5 a 11 anos. Nós queremos divulgar os nomes dessas pessoas”, afirmou. “A responsabilidade é de cada um. Mas agora mexe com as crianças, então quem é responsável por olhar as crianças é você, pai”.
A decisão da Anvisa foi anunciada em uma reunião pública da diretoria do órgão. Também foram ouvidos especialistas da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Sociedade Brasileira de Pneumonologia e Tisiologia, Sociedade Brasileira de Infectologia, Sociedade Brasileira de Imunologia e Sociedade Brasileira de Pediatria. A vacina para as crianças corresponde a um terço da aplicada nos adultos. Integrantes do Ministério da Saúde disseram à Folha de S. Paulo que só iriam solicitar as doses específicas das crianças depois da aprovação da agência. A Pfizer afirmou em nota que o contrato para fornecimento de 100 milhões de vacinas no ano que vem já inclui a possibilidade de entrega das versões modificadas do imunizante para crianças e confirmou que nenhuma dose pediátrica foi enviada ao Brasil.
A expectativa de gestores do ministério é de que as doses comecem a chegar a partir de janeiro, mas o laboratório não informou em quanto tempo pode enviar estas vacinas após pedido do ministério.