Nonato Guedes
A candidatura do deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB, ao governo do Estado, cujo pré-lançamento ocorreu, ontem, em João Pessoa, teve o simbolismo da inserção de uma nova opção na realidade política e de poder na Paraíba. A tradição política da família a que pertence não o desabona (neto do poeta Ronaldo Cunha Lima e filho do ex-governador Cássio), mas parece avultar, para além desse histórico biográfico, a própria trajetória que o jovem parlamentar persegue, antenado com as transformações sociais que a sociedade requer e sintonizado com as inovações tecnológicas que já há algum tempo vêm plasmando o desenvolvimento sócio-econômico da região. O jovem deputado acena com discussões que se propõem a elevar o nível do debate sobre a problemática estadual, incorporando pautas que ainda estão à margem do olhar contemporâneo que se exige.
É uma sinalização favorável porque muda o eixo da perspectiva que se desenhava – a de um trucidamento do debate político por meio de ataques pessoais e de ofensas, sem o descortínio dos graves e verdadeiros impasses que desassossegam camadas da população, por conta de demandas não atendidas pelo poder público e, em paralelo, por desvios de prioridades ditado por contingências da conjuntura, a exemplo do esforço prioritário de enfrentamento à pandemia de covid-19. No papel de candidato ao posto mais importante do Estado, que vai estrear, Pedro Cunha Lima decerto não fugirá à colação envolvendo denúncias que sejam agitadas acerca de questões pertinentes. Já tem enveredado por algumas delas, quando julga necessário. Mas não se espera dele um discurso reducionista, ostensivamente denuncista – e, sim, também, indicações propositivas, na forma de ideias e sugestões criativas para oxigenar, para valer, o processo de desenvolvimento da Paraíba.
Na tribuna da Câmara dos Deputados, Pedro tem se agarrado à bandeira da Educação, que tem apelo impactante sobre a sociedade como um todo, diante das carências de que o segmento se ressente no país e do consenso universal de que é por essa seara que se poderá avançar no rumo da obtenção de padrões mais condignos e civilizados para todos. A inclusão, no discurso, de pautas que são tabus para outros postulantes, ajoujados a ideias fixas ultrapassadas, poderá vir, no curso de uma campanha acirrada, a oferecer diferencial na recepção da mensagem que o postulante do PSDB pretende apresentar. Como reflexo dessa tática natural, Pedro poderá agregar apoios em setores pulsantes que estão desejosos de amplificar seu poder de fala, suas intervenções para mediatizar as tensões e conflitos sociais e propor soluções modernas para o caleidoscópio da realidade desafiadora. Desse ponto de vista, a mentalidade jovem pode vir a se constituir em credencial para levá-lo a um patamar competitivo que é, na largada, o seu calcanhar de Aquiles.
A escolha de Pedro Cunha Lima como candidato ao governo pela oposição tem um outro simbolismo que vale ser mencionado: personifica o empenho do PSDB para retomar o protagonismo na conjuntura de poder na Paraíba, mais precisamente no Executivo que centraliza as grandes decisões. O partido está em jejum há cerca de uma década nesse quesito – e ultimamente vinha trilhando papel de coadjuvante na cena política paraibana. Para 2022 mesmo, estava na iminência de ter que se acoplar a uma candidatura do PSD para garantir algum espaço de sobrevivência. É surpreendente, inclusive, que na Paraíba o PSDB tenha finalmente cogitado uma candidatura própria ao Executivo quando, a nível nacional, o partido saiu rachado das recentes prévias e a pré-candidatura lançada, a do governador de São Paulo, João Doria, não consiga pontuar bem em pesquisas sobre intenção de voto de variados institutos especializados. É como se os tucanos paraibanos estivessem indo na contramão do acidentado percurso que vai dar nas eleições gerais vindouras.
Mas é exatamente a aparente desvantagem em que se lança o deputado Pedro Cunha Lima ao governo da Paraíba que pode significar o prenúncio de uma batalha dura, opondo o peso da máquina estadual e a liderança política do governador João Azevêdo ao desafio de um jovem político, motivado pela sua impetuosidade, conectado com a modernidade que tratora valores no calor das paixões das redes sociais e disposto a ser ponta de lança de um novo ciclo de mudança no “fazer administrativo” na Paraíba, deixando para trás as experiências já testadas. A pré-candidatura do deputado tucano está nascendo de impasses políticos – impasse de interesses no seu grupo político e impasse de fatores da conjuntura nacional com reflexos no Estado. Ele emerge, então, tentando jogar um facho de luz para extratos sociais desesperançados da política e dos líderes tradicionais.
Evidente que o deputado Pedro Cunha Lima precisará tomar a peito, de forma decisiva, o projeto de disputar o governo do Estado não apenas por disputar, ou seja, para fazer figuração, mas imantado pela vontade de fazer a Paraíba mudar. Desse ponto de vista, terá que se aprofundar mais no conhecimento dos problemas sensíveis e fulcrais da conjuntura e, ao mesmo tempo, obter ajuda valiosa para fundamentar um programa de governo arrojado que empolgue parcelas expressivas da opinião pública. O tucano já deixou claro que não tenciona representar o papel de produto de marketing eleitoreiro. Tal empreitada lhe impõe realismo, humildade, foco e objetividade na caminhada que trilhará e, de forma concomitante, o desafio de não perder de vista a situação nacional, com suas variantes que estão nas entrelinhas da simbologia da voz rouca das ruas. Para ele, pessoalmente, seja qual for o resultado, será uma grandiosa experiência. Espera-se que para a Paraíba seja uma experiência valiosa.
Precisamos realmente mudar a política, lutar contra os privilégios e contra um sistema corrupto, vc estar no caminho certo
Tenho que a linha indicada na narrativa trazida é moderna, fugindo das miudezas pouco aceitável por considerável parcela da sociedade. Os pontos batidos nas campanhas são inevitáveis, mas educação, saúde e segurança, devem ser tratados com um diferencial, o aprofundamento do tema. Sabemos que a menina dos olhos de Pedro é a educação, em segundo lugar à segurança pública e à saúde. Esses temas deverão merecer aprofundamento e veracidade com fervor e compromisso. A infraestrutura, por exemplo deverá merecer atenção especial, também. Exemplo os reservatórios d’água potável para o ano 2050, habitação,
Nova roupagem ao desenvolvimento industrial, revitalização dos distritos industriais de J. Pessoa e C. Grande, com a revitalização da Cinep, hoje. Inoperante é viciada. Valorização do servidor público, oferecendo-lhe cursos de aperfeiçoamento e atualização de modo que a sociedade venha sentir a diferença de gestão. Não esquecer da política de incentivos fiscais, erradicando a excessiva burocracia de modo efetivo e sem temor, valorizar o cidadão com ações efetivas e democráticas. É tempo de mudar. Quanto ao slogan não gostei da expressão- ódio. Vamos encontrar algo mais soável… Quem é o Homem o Homem é Pedro.