Nonato Guedes
Em entrevista, hoje, direto do Palácio da Redenção, ao programa “Correio Debate”, da rádio Correio Sat, o governador João Azevêdo fez um balanço positivo de três anos de administração, afirmou que só fica no “Cidadania” se tiver autonomia nas decisões locais e aconselhou o antecessor Ricardo Coutinho (PT) a esquecer o governo atual, rebatendo críticas que o ex-aliado tem feito às suas realizações. Ele mencionou, com ênfase, a pressão de policiais militares do Estado por vantagens salariais, pontuando que está aberto ao diálogo e que está mantida para o dia quatro de janeiro a sua reunião com representantes de entidades da categoria, a fim de tentar um consenso sobre a agenda de reivindicações. João salientou que está procurando corrigir distorções do governo anterior, lembrando que a “Bolsa Desempenho” como adicional de vencimento para policiais foi instituída por Ricardo Coutinho e que este não tem autoridade para apontar soluções para o impasse atual.
O chefe do Executivo voltou a ser abordado sobre a possível formação de “federação” entre o “Cidadania” e o PSDB do grupo Cunha Lima para as eleições do próximo ano, reconhecendo as dificuldades de convivência a nível local, já que esse grupo lhe faz oposição ferrenha. Reiterou que pessoalmente não é contra a ideia de “federação” mas tem ponderado, em reuniões da Executiva nacional do seu partido, que a hipótese de união deve ser aprofundada e amadurecida dentro da perspectiva da realidade nos Estados. Citou que, realmente, há uma “regra de ouro” sendo proposta no caso da “federação”, segundo a qual nos Estados onde ela funcionasse a legenda seria presidida pelo governador. Mas, de forma realista, previu que dificilmente os Cunha Lima aceitarão a sua orientação como líder político e acha que a tendência é eles debandarem da “federação”. O PSDB da Paraíba lançou recentemente o deputado federal Pedro Cunha Lima como pré-candidato ao governo do Estado, e Pedro já tem detonado críticas à administração de João Azevêdo.
De acordo com o governador, nas discussões de que tem participado, tem deixado claro que se sente, atualmente, confortável no “Cidadania” e demonstrado que já deu sua parcela de contribuição para o crescimento do partido nas últimas eleições municipais de 2020, ressaltando o expressivo número de prefeitos eleitos em pouco tempo de militância na legenda. “Quero continuar colaborando para o crescimento da legenda”, expressou. No âmbito local, João Azevêdo tem manifestado intenção de apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a presidente da República, independente dele ser apoiado por outras forças políticas de esquerda e centro-esquerda. Eleito em 2018 pelo PSB com o apoio de Ricardo Coutinho, João Azevêdo salientou que não mudou seus princípios que se identificam com pautas de esquerda, a exemplo da inclusão social e do combate a desigualdades. No que diz respeito à definição de sua chapa para as eleições do próximo ano, prognosticou que somente a partir de março de 2022 poderão surgir algumas decisões, tendo em vista que a própria conjuntura nacional ainda enfrenta indefinições em muitos pontos.
Azevêdo admitiu que os canais de diálogo foram reatados com o senador Veneziano Vital do Rêgo, presidente estadual do MDB, e que ambos deverão se encontrar pessoalmente em breve, já tendo trocado impressões por telefone. Disse que nunca houve uma relação de conflito mais grave entre ele e Veneziano, situando as divergências que os envolvem no campo da pluralidade de visões sobre assuntos específicos. Mas manifestou o seu respeito pela liderança do parlamentar e, também, o reconhecimento à contribuição que ele tem oferecido no exercício do mandato aos interesses da Paraíba, juntamente com outros integrantes da bancada federal paraibana. Por fim, João Azevêdo comentou que acha difícil a retomada da convivência política com o grupo da vice-governadora Lígia Feliciano, do PDT, que entregou cargos ocupados na administração estadual. Afirmou que, pessoalmente, não se considera rompido com Lígia, mas que ela e o marido, deputado federal Damião Feliciano, têm sinalizado posições distintas no cenário político paraibano desde as eleições municipais de 2020 a prefeito de João Pessoa, quando a filha deles, Mariana, foi vice da candidata Edilma Freire, apoiada pelo então prefeito Luciano Cartaxo, enquanto o grupo de Azevêdo apoiou Cícero Lucena, do PP, vitorioso no segundo turno.