Nonato Guedes
O deputado federal Ruy Carneiro descartou, ontem, a possibilidade de uma união entre o PSDB paraibano e o Cidadania do governador João Azevêdo na hipótese de vir a se formar uma federação para disputar as eleições de outubro. O parlamentar admitiu que a hipótese de federação está sendo discutida no plano político nacional mas pode envolver outros partidos, sinalizando que, pessoalmente, gostaria de ver o PSC do grupo Gadelha nessa composição. Em entrevista à TV Arapuan, Ruy reafirmou a confiança no projeto de candidatura do deputado Pedro Cunha Lima ao governo do Estado, em oposição ao esquema político de Azevêdo.
Segundo ele, a logística da campanha de Pedro Cunha Lima ao Palácio da Redenção começa a se estruturar, com o roteiro de visitas a municípios que o pré-candidato a governador tem empreendido e que aproveita para discutir os problemas de interesse da população e formular propostas em cima das reivindicações que são expostas. É um projeto que, a seu ver, tende a se consolidar, independente do desdobramento da campanha presidencial, onde o pré-candidato tucano ao Planalto, João Doria, governador de São Paulo, desponta, atualmente, em quinto lugar em projeções feitas para a sucessão de Jair Bolsonaro. Ruy acha que ainda está cedo para maiores avaliações do pleito presidencial e acha, pessoalmente, que a opção de uma candidatura de terceira via deve continuar sendo buscada por forças políticas interessadas em quebrar a suposta polarização entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ruy, que nas eleições de 2020 ficou em terceiro lugar como candidato a prefeito de João Pessoa pelo PSDB, informou que a discussão sobre formação de federações partidárias eclodiu em meio a falhas na legislação eleitoral e a decisões como a extinção das coligações nos pleitos proporcionais. Salientou que há um empenho dos diferentes partidos sobre as possibilidades que terão para eleger deputados federais, estaduais, e também sobre as chances que podem vir a ter na disputa dos outros mandatos em jogo. Por isso é que, a seu ver, prosperaram ideias como a da fusão, tal como está acontecendo entre o Democratas e o Partido Social Liberal, ou de federação, que poderia vir a agregar Cidadania, PSDB, PV e outras legendas. Ou como a da federação que, segundo concorda, é difícil de se materializar diante de conflitos regionais.
A Paraíba, conforme Ruy, seria um caso problemático para formação de federação, diante das incompatibilidades notórias entre o PSDB e o grupo político do governador João Azevêdo. Lembrou que uma solução intermediária que é cogitada nos meios políticos envolve a incorporação do Cidadania pelo PSDB. Nesse caso, na Paraíba, na sua opinião, o governador João Azevêdo é que teria que buscar outra legenda para se filiar. Ruy Carneiro acredita que até março as discussões tenham avançado de maneira a possibilitar um desfecho sobre experimentos novos na eleição de 2022. A tese que chegou a ser invocada pelo presidente estadual do Cidadania, Ronaldo Guerra, sobre “regra de ouro” pela qual nos casos onde o governador seja filiado a um dos partidos federados será ele o comandante da agremiação não é levada a sério pelo deputado tucano. Com isto, ele segue o raciocínio do deputado Pedro Cunha Lima, para quem é mais fácil o governador migrar para outra legenda do que os tucanos abandonarem o ninho.
O deputado Ruy Carneiro salientou que há muita indefinição sobre pontos relevantes da conjuntura política-eleitoral de 2022 e acredita que isto será equacionado mais na frente, à medida que os políticos forem assimilando realidades decorrentes de regras que atualmente estão prevalecendo em consequência da própria legislação. Quanto à candidatura de Pedro Cunha Lima ao governo, é avaliada como irreversível pelo deputado Ruy Carneiro e com chances de crescimento. Ruy estima que num primeiro momento podem surgir outras candidaturas de oposição ao governador João Azevêdo e calcula que, num segundo turno, algumas dessas forças se aliarão sem dificuldades ao candidato credenciado para enfrentar o chefe do Executivo. Disse que o deputado Pedro Cunha Lima começa a alcançar receptividade nos contatos políticos que desenvolve, o que favorece suas chances reais na corrida eleitoral de 2022.
O lançamento da pré-candidatura do deputado federal Pedro Cunha Lima ao governo do Estado verificou-se depois da desistência do ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, em assumir o desafio pelo PSD, como tinha anunciado ao deixar a prefeitura da segunda cidade do Estado, na conclusão de oito nos de mandato. Romero, agora, está trabalhando com a perspectiva de se eleger deputado federal, tendo adiado mesmo o sonho de disputar o governo do Estado, que vinha acalentando desde 2018. Na avaliação do deputado Ruy Carneiro, Rodrigues deverá apoiar a candidatura de Pedro Cunha Lima, até por uma questão de coerência, já que Pedro estava comprometido com o seu nome até a desistência. Ruy não aposta fichas em que Romero vá estar no palanque do governador João Azevêdo, apesar de acenos do chefe do Executivo para diálogo com ele sobre questões políticas locais.