A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) insinuou, hoje, com base em supostas informações oficiais, que o erro ocorrido em Lucena, no litoral paraibano, com a vacinação contra a covid de crianças com doses destinadas para adultos e ainda com casos de validade vencida não seria uma irregularidade isolada e que tal erro pode ter se estendido a outros Estados, o que exige do Ministério da Saúde informações transparentes sobre a realidade diante da gravidade da situação. A parlamentar, que é da base aliada do presidente Jair Bolsonaro, cobrou esclarecimentos por parte do ministro da Saúde, o paraibano Marcelo Queiroga, que coincidentemente se encontrava no Estado quando estourou o caso em Lucena. Carla Zambelli concedeu entrevistas a emissoras como a rádio “Correio” e rádio “Arapuan” insistindo na apuração das denúncias.
Frisou que somente na Paraíba há 24 crianças de zero a quatro anos de idade vacinadas com doses não pediátricas de AstraZeneca, e 11 crianças na faixa de cinco a onze anos de idade. Com CoronaVac, pelos dados colhidos pela deputada, são quatro crianças vacinadas entre zero e quatro anos e 17 de cinco a onze anos. Carla Zambelli, diante do que considerou fatos graves, protocolou pedido endereçado ao ministro Marcelo Queiroga e ao diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, para suspender a imunização de crianças em todo o país após o escândalo em Lucena. Mas a proposta da deputada foi rechaçada pelo Ministério Público Federal da Paraíba, órgão que investiga o caso naquele município litorâneo. O MPF reagiu ao pedido de Zambelli enviando ofício a Queiroga em que destaca a importância da continuidade da campanha de imunização para o público infantil em nível nacional, argumentando que o fato detectado em Lucena teve caráter isolado.
De acordo com a deputada, em petição enviada ao STF o advogado-geral da União, Bruno Bianco, afirmou que milhares de doses fora dos padrões recomendados pelo Plano Nacional de Imunização podem ter sido administradas em crianças. Pelo documento, 2.400 crianças de 0 a 4 anos teriam sido vacinadas equivocadamente, além de outras 18 mil de 5 a 11 anos que teriam sido imunizadas antes da liberação por parte do governo. Diante da situação, o AGU pediu ao Supremo que suspenda toda e qualquer campanha de vacinação de crianças e adolescentes em desacordo com as diretrizes prescritas no PNO e nas recomendações do órgão sanitário. O ministro Marcelo Queiroga reiterou que a Pasta continua atenta a eventuais problemas e, também, a responsabilidades comprovadas em erros vacinais, mas alertou que pré-julgamentos são arriscados sem uma informação mais segura.