O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato a presidente da República, indicou, ontem, que espera o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ex-PSDB, ao seu lado, durante a campanha eleitoral deste ano. Em entrevista ao que chamou de “sites independentes”, o ex-presidente informou que não busca alianças ideológicas neste momento e que Alckmin, atualmente sem partido, pode compor alianças em prol de uma campanha visando a vitória para presidente e projetos estratégicos como a reforma tributária. Isso, no entanto, vai depender para qual legenda o ex-governador de São Paulo irá se filiar.
Lula indicou que acredita que o ex-tucano mudou seu entendimento sobre o país e sobre a realidade política. “Eu espero que o Alckmin esteja junto, sendo vice ou não, porque me parece que ele se decidiu fazer oposição definitiva não apenas ao Bolsonaro, mas ao João Doria, aqui em São paulo”, disse Lula, acrescentando: “O PSDB não é o PSDB social-democrata do Mário Covas, do Fernando Henrique Cardoso, do José Serra no período de constituinte, no tempo do Franco Montoro”. Apesar de citar “divergências” e “visões de mundo diferentes”, Lula disse que teve bom diálogo tanto com Alckmin quanto com José Serra (PSDB), senador afastado do cargo que ocupou o governo de São Paulo entre 2007 e 2010.
O petista ironizou a preocupação em torno da escolha do vice, rememorando que “nem ele, nem Alckmin” falam sobre a questão. “Por uma razão simples: o Alckmin saiu do PSDB e não se definiu para que partido ele vai – ele é um homem que não tem partido hoje. E eu não defini a minha candidatura – então, não pode ter nem candidato nem vice”. Logo em seguida, porém, Lula sugeriu “não ser candidato para ser protagonista mas para vencer as eleições no momento em que o Brasil está infinitamente pior do que em 2003, quando tomei posse”. Alckmin se desfiliou do PSDB no final de 2021, após 33 anos de legenda, Médico de formação, o político foi governador de São Paulo entre 2000 e 2007, primeiro como vice-governador de Mário Covas (PSDB) e depois como eleito. Entre 2011 e 2018, foi eleito para dois novos mandatos. Também disputou as eleições presidenciais em 2006, quando perdeu para o próprio Lula, e em 2018, amargando um quarto lugar com 4,76% dos votos.
Desde então, seu passe tem sido valorizado como um possível ativo para a campanha de Lula. O PSB é um dos favoritos a receber a sua filiação, mas conflitos por apoios a eleições locais travam o debate. Outra possibilidade é que Alckmin migre para o PSD, de Gilberto Kassab. Durante a entrevista, Lula sinalizou que conversa com ambas as legendas e com o Solidariedade, partido comandado pelo deputado Paulinho da Força (SP). O ex-presidente Lula, na entrevista, teceu comentários sobre problemas nacionais, referindo-se ao descaso do governo Bolsonaro em relação à pandemia de covid-19 e anunciou que se voltar à presidência da República vai recriar o Ministério da Cultura, que foi completamente esvaziado na atual gestão. “O Ministério da Cultura vai voltar ainda mais forte”, prometeu o ex-presidente, criticando a “insensibilidade” de Bolsonaro para com a preservação dos valores nacionais.