Desafiando resultados de pesquisas de opinião pública que apontam baixa cotação do ex-ministro Ciro Gomes como pré-candidato à presidência da República, o Partido Democrático Trabalhista-PDT realiza hoje em Brasília a primeira convenção nacional online de uma agremiação política brasileira para oficializar a indicação do ex-governador do Ceará ao páreo eleitoral de outubro. Além da desvantagem em pesquisas, Ciro Gomes enfrenta dificuldades de articulação com segmentos de oposição ao governo Jair Bolsonaro e com facções de esquerda para tentar reforçar a logística do projeto. Mesmo assim, já deixou claro que não cogita desistir.
Em suas redes sociais, nas últimas horas, o ex-ministro postou: “A ansiedade é tanta que decidi antecipar a logomarca para vocês. Esta frase é mais que um slogan, é o lema da minha vida. Há mais surpresas nesta sexta. Vamos que vamos!”. Exibiu, então, a logomarca com os dizeres “Ciro: A Rebeldia da Esperança”. Os partidários de Ciro Gomes esperam um “forte pronunciamento” de sua parte durante a convenção e o próprio Ciro Gomes tem alimentado expectativas nesse sentido, numa estratégia que objetiva, também, motivar a militância pedetista. Na Paraíba, a vice-governadora Lígia Feliciano, que se lançou pré-candidata ao governo pelo PDT, não descarta uma união entre o seu partido e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em segundo turno. Lula é favorito em todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até agora, vindo abaixo o presidente Jair Bolsonaro, que igualmente detém um dos mais elevados índices de impopularidade.
Analistas políticos sinalizam mudança de estratégia por parte de Ciro Gomes na corrida presidencial, salientando que, pelo que ele divulgou, pretenderá explorar o que em outros momentos foi visto como uma fragilidade: o seu temperamento explosivo, que passaria a ser interpretado agora mais como forte franqueza no trato das questões do país. A ideia é de que, em um momento em que a democracia se vê ameaçada por posições extremadas oriundas do governo Jair Bolsonaro, é preciso alguém de pulso forte e temperamento mais decidido para confrontá-lo. Na verdade, a estratégia de Ciro de se antecipar tem relação também com algumas vacilações no PDT diante do fato de que o candidato não decola como se esperava nas pesquisas. Há alguns dias, setores do PDT chegaram a cogitar adiar o lançamento da pré-candidatura, mas Ciro acabou mantendo o roteiro para hoje. Na última pesquisa do Instituto Ipespe, divulgada no dia 14 de janeiro, Gomes aparece com 7% das intenções de voto, atrás de Sergio Moro, do Podemos, que aparece com 9%.