Nonato Guedes
O ex-governador Ricardo Coutinho (PT), que deixou o cargo no final de 2018 quando era filiado ao PSB, continua batendo recorde na coleção de ações penais na Paraíba. Nas últimas horas, contabilizou mais uma denúncia do Gaeco contra ele e seus irmãos Coriolano, Raquel, Valéria e Raquel Coutinho, além dos contraparentes Breno Dornelles Pahim Filho (esposo de Raquel), Breno Dornelles Pahim Neto e Denise Krummenauer Pahim. A denúncia foi recebida pelo juiz Marcial Henrique Ferraz da Cruz, da Segunda Vara Criminal, que determinou procedimentos cabíveis inerentes ao caso. Por outro lado, o Tribunal de Contas do Estado analisará, segunda-feira, em sessão extraordinária, as contas de Ricardo, relacionadas ao último ano da gestão, em 2018.
Trata-se de uma outra ação remanescente da Operação Calvário em denúncia que foi protocolada no ano passado, no mês de setembro, tendo como escopo acusações de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Três juízes, antes do veredicto de Marcial Henrique, se averbaram suspeitos para manifestação no processo. Originalmente a Operação Calvário, desencadeada pelo Ministério Público do Estado com o reforço do Gaeco, trata de desvios nas áreas da Saúde e da Educação em contratos firmados no segundo governo de Ricardo Coutinho com organizações sociais como a Cruz Vermelha para a gestão de hospitais da rede pública estadual a exemplo do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, de João Pessoa.
De acordo com o Ministério Público, na nova denúncia, ficou manifesta a tentativa de ocultação de bens, supostamente adquiridos com a propina desviada de recursos públicos, especialmente na conexão com as organizações sociais que atuavam no Estado e que acabaram banidas do território paraibano pelo governador João Azevêdo ao rescindir os contratos celebrados. No total das 21 denúncias oferecidas, o Gaeco estimou em mais de R$ 373 milhões os recursos desviados pela “organização criminosa” que teria sido montada com a finalidade de saquear os cofres públicos do Estado. No Tribunal de Contas, a pauta de julgamento das prestações de Ricardo referentes a 2018 envolve, também, a apreciação do período em que a vice-governadora Lígia Feliciano (PDT) esteve à frente do cargo, mais especificamente, entre 23 de novembro e 26 do mesmo mês em 2018. O julgamento deveria ter ocorrido no dia 22 de dezembro de 2021 mas foi reagendado após solicitação da defesa do ex-gestor, alegando substituição de advogado por motivos de saúde e necessidade de mais tempo para se inteirar dos autos. Na sequência, Ricardo submeteu-se a uma intervenção cirúrgica, conforme atestado médico apresentado em anexo.