Nonato Guedes
Suplente do senador Veneziano Vital do Rêgo, o empresário Ney Suassuna acompanha com interesse e expectativa o noticiário sobre uma provável candidatura do parlamentar ao governo do Estado pelo MDB nas eleições deste ano. Não esconde o seu apoio natural ao projeto de candidatura de Veneziano que, em caso de vitória, o favoreceria, já que Ney é o primeiro suplente e assumiria a titularidade em Brasília, concluindo quatro anos de mandato parlamentar. Suassuna foi eleito senador uma única vez na Paraíba, quando se candidatou pelo PMDB em 1998, fazendo dobradinha com o então governador José Maranhão, candidato à reeleição, que venceu com folga o candidato Gilvan Freire, do PSB. Posteriormente, rompeu com Maranhão.
Em declarações ao colunista Abelardo Jurema, que tem prestigiado espaço na internet, Ney Suassuna enfatizou: “Venho observando tudo e, naturalmente, torço para que a Paraíba encontre a melhor solução. Veneziano está analisando tudo e sabe o que o Estado precisa”. Considerado “um trator” na época em que exerceu mandato parlamentar, Suassuna tornou-se, depois, aliado político do governador Ricardo Coutinho e em 2018 atendeu ao convite para voltar a participar da campanha na condição de primeiro suplente de Veneziano, que disputou pelo PSB. Ele teve papel importante em Brasília para carrear recursos para o Estado e as divergências com José Maranhão, de acordo com versões, envolveram questões financeiras ligadas a despesas em campanhas eleitorais. O episódio nunca foi devidamente esclarecido em detalhes pelas duas partes.
Nos últimos anos, com o peso da idade e o acúmulo de decepções na vida pública, Ney Suassuna chegou a desabafar que não se sentia estimulado a disputar novos mandatos eletivos na Paraíba. Indagado se não voltaria a concorrer a uma vaga de senador, ironizou: “Não me vejo “de fraldão” desfilando pelos corredores do Congresso a caminho do plenário do Senado Federal”. Não obstante, concordou em compor a chapa liderada por Veneziano Vital do Rêgo e chegou a substituí-lo por um período quando de licença requerida por ele para trato de assuntos particulares. Ney foi muito criticado na Paraíba, no passado, acusado de priorizar mais o Rio de Janeiro do que a Paraíba em emendas parlamentares – foi alcunhado como “senador da Barra da Tijuca”. Ele ressalta que sempre deu ênfase aos projetos de interesse do nosso Estado e que alguns não foram viabilizados por falta de influência política maior da Paraíba no âmbito da Federação.
Veneziano continua em evidência no noticiário, sobretudo depois que sua esposa, Ana Cláudia Vital do Rêgo, entregou o cargo de secretária de Articulação Política e Desenvolvimento Municipal ao governador João Azevêdo (Cidadania). A medida foi encarada como prenúncio de “rompimento” de Veneziano com o projeto de candidatura de Azevêdo à reeleição e reforçou as especulações de que o senador pudesse vir a ser candidato próprio ao Executivo pelo MDB, embora sua mulher seja candidata a deputada estadual e, possivelmente, tenha se exonerado do cargo para se antecipar ao prazo de desincompatibilização previsto em lei. O fato é que Veneziano mergulhou em reflexões e análises a respeito da conjuntura política paraibana, passando, ao mesmo tempo, a dialogar com líderes políticos de vários partidos. Mas tem evitado jornalistas ou quaisquer declarações à imprensa sobre os rumos que pretende tomar. O deputado estadual Raniery Paulino defendeu uma reunião da direção do MDB com suas lideranças para avaliações, justificando que o clima interno é de divisão quanto às próximas eleições majoritárias.