O comandante da Polícia Militar da Paraíba, coronel Euller Chaves, repudiou um áudio divulgado pelo deputado estadual bolsonarista Cabo Gilberto Silva (PSL) incitando policiais militares a aderirem a um movimento de protesto contra o governo João Azevêdo. O parlamentar chamou o governador de “inimigo” da categoria e sugeriu que os policiais entregassem os plantões extras e, se estiverem de folga, “ajudem a sociedade”, o que incluiria atirar em criminosos. Para o comandante da PM, a manifestação do deputado constituiu um mau exemplo e uma tentativa indevida de interferência política nas negociações entre governo estadual e entidades que representam policiais civis e militares sobre reajuste salarial e outras melhorias.
De acordo com o comandante da PM, a incitação à revolta de policiais constitui um “desserviço” à ordem pública na Paraíba, pondo em risco a segurança de famílias e cidadãos comuns, como tem sido alertado por entidades representativas do comércio, da indústria e da sociedade em geral, apreensivas com um cenário de violência generalizada e de ações da bandidagem no Estado da Paraíba. Houve repercussão do áudio do deputado em grupos de whatsApp e o jornal “O Globo” divulgou matéria nesta segunda-feira sobre clima de intranquilidade. Com o policiamento comprometido, o Estado registrou atos violentos nos últimos dias, incluindo uma onda de assaltos na cidade de Patos e o incêndio de um ônibus em João Pessoa.
As autoridades de segurança do Estado estranharam o teor das declarações do deputado Cabo Gilberto Silva tratando o movimento de “Polícia Legal”, apesar do incentivo à desordem e à quebra de hierarquia. O governador João Azevêdo chegou a gravar mensagem advertindo que não vai tolerar atos de indisciplina. O deputado Cabo Gilberto ficou famoso por polêmicas criadas na Assembleia Legislativa, a principal delas a insistência em participar de sessões mesmo não tendo tomado a vacina contra a covid-19. Na exortação aos policiais, referindo-se a autoridades que deflagraram diálogo com a categoria, o deputado afirmou: “Não existe diálogo com esse tipo de gente. Eles só entendem pressão e temos que pressionar”.