O secretário de Comunicação Social do governo do Estado, jornalista Nonato Bandeira, afirmou ter aconselhado o governador João Azevêdo a deixar os quadros do Cidadania caso o partido sacramente a federação com o PSDB, como tem sido defendido pelo presidente nacional, Roberto Freire. “Não vejo condições do governador fazer uma aliança com o PSDB no Estado. Seria como misturar água e vinho”, declarou o secretário em entrevista no programa Muito Mais da TV Band Manaíra. Nonato Bandeira, que também é articulador político do governo, foi o responsável pelo convite que levou o governador João Azevêdo ao Cidadania e deixou claro que também deixará a sigla na hipótese de vingar a federação.
O presidente do diretório estadual do partido, Ronaldo Guerra, que é secretário do governo, vinha sugerindo que na hipótese de mudança no cenário político-partidário o governador deveria comandar a agremiação resultante da formação de federação entre o Cidadania, PSDB e outras siglas, devido à sua posição de liderança na conjuntura local. “Os Cunha Lima é que têm que deixar o partido, se estiverem incomodados”, argumentou, na fase de eclosão dos primeiros movimentos para a possível formação de federação partidária. O PSDB na Paraíba faz oposição declarada ao governo de João Azevêdo e já lançou candidato próprio ao governo, na figura do deputado federal Pedro Cunha Lima. O parlamentar, inclusive, tem percorrido municípios em pré-campanha e em agenda de contatos políticos e apresentado propostas que deverão constar do seu plano de metas a ser apresentado na campanha eleitoral.
O secretário Nonato Bandeira comentou, ainda, que não vê condições para o gestor paraibano ficar no palanque do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, o governador de São Paulo, João Doria, lembrando que há um compromisso prévio de apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Embora o governador João Azevêdo tenha uma boa relação institucional com o governador de São Paulo, no plano político e ideológico o PSDB de hoje não é mais aquele da social democracia da época de Mário Covas e Franco Montoro. O partido está muito preso a setores oligárquicos e já dissemos isso ao presidente Roberto Freire”, acrescentou. Nonato Bandeira considerou que a federação é ainda pior que as coligações, vetadas para as eleições deste ano. “As coligações eram definidas nos Estados. Agora, será algo imposto pela direção nacional sem avaliar as realidades locais. São Paulo não é a mesma coisa da Paraíba. O que é lá não é aqui”,
O governador João Azevêdo foi candidato nas eleições de 2018 pelo PSB, tendo sido vitorioso em primeiro turno. Na época teve o apoio do então governador Ricardo Coutinho, mas ambos começaram a divergir após a posse de Azevêdo. Os desentendimentos alcançaram o comando do PSB local, com “intervenção” decretada por Ricardo na direção estadual, destituindo a Comissão que comandava a legenda e era integrada por figuras ligadas politicamente a João Azevêdo. O atual governador tentou uma solução conciliatória, acionando a cúpula nacional socialista, mas não obteve êxito. Resolveu, então, migrar para o Cidadania, depois de examinar várias opções partidárias que lhe foram oferecidas. Hoje, Ricardo Coutinho está refiliado ao PT, e o PSB é comandado no Estado pelo deputado federal Gervásio Maia.