Rumores no Ministério da Saúde apontam que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, estaria na marca do pênalti e que sua demissão pelo presidente Jair Bolsonaro seria uma questão de tempo. A razão seria a portaria do secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Helio Angotti Neto, defendendo o uso da cloroquina no tratamento da covid-19 e desqualificando as vacinas para o combate da pandemia. A postura do ministro da Saúde, que na segunda-feira, 24, afirmou que a hidroxicloroquina não possui eficácia comprovada contra a covid-19, indo na contramão da portaria, estaria desagradando Bolsonaro, um notório defensor do medicamento e desgastando sua relação com Queiroga.
As informações são de reportagem do site “Congresso em Foco”, assinada pela repórter Vanessa Lippelt. Ela citou uma fonte do gabinete do ministro, que pediu para não se identificar e que revelou que o ministro foi chamado para ir até o Palácio do Planalto sem que houvesse qualquer compromisso na sua agenda com o presidente, o que desencadeou especulações sobre iminente exoneração do cardiologista paraibano. Ainda de acordo com a fonte, o clima é de mal estar interno e já se fala sobre a demissão nos corredores do ministério, porque o ministro não se posicionou a favor da portaria, além de sempre dizer que Hélio Angotti não é secretário dele. Parlamentares e políticos com trânsito no governo em Brasília também admitem a situação de desgaste do titular da Pasta.
As versões que circulam são de que o ministro Marcelo Queiroga não revoga a portaria e também não demite Angotti porque “tem algo maior por cima”. O ministro da Saúde teria cogitado demiti-lo quando assumiu a Pasta em março do ano passado, mas, por conta do bom relacionamento que Helio teria com a família Bolsonaro, acabou voltando atrás na decisão. Helio foi um dos indicados da chamada “ala olavista”, oriunda de conservadores com afinidade ao escritor e polemista Olavo de Carvalho, falecido na terça-feira, 25, nos Estados Unidos. “O Helio entrou no início do governo em janeiro de 2019. Ele está desde o início do governo Bolsonaro e veio pelo presidente. Queiroga já disse que não o reconhece como secretário porque não foi nomeado por ele”, ressaltou a fonte.
Longe de vir a ser demitido, há possibilidades de, ao contrário, Helio Angotti ser promovido. Se depender do presidente Jair Bolsonaro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pode ter um novo diretor-presidente em julho e o indicado ao cargo, que hoje é ocupado pelo almirante Antonio Barra Torres, seria ninguém menos que Helio Angotti Neto. Angotti, que assinou a portaria contrária às vacinas contra a covid-19 e a favor do uso da cloroquina, já foi um dos alvos da CPI da Pandemia por supostamente ter apoiado o gabinete do ódio que assessorava o presidente Jair Bolsonaro em decisões sobre o combate à pandemia. Além disso, o secretário integrou a comitiva que foi a Israel acompanhar o desenvolvimento de um novo spray nasal contra o novo coronavírus.