Em uma carta intitulada Resistência, Travessa e Esperança, a cúpula nacional do PT se posiciona pela necessidade de edificar “pontes com aqueles que já estiveram do outro lado” e afirma ser necessário “entender que o momento exige pactos sobre valores necessários para de novo unir o Brasil”. A carta será publicada pela Fundação Perseu Abramo e acena para a aliança com o ex-tucano Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, cujo nome é cotado como candidato a vice em uma chapa presidencial com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
– Cresce a consciência nacional de que só Lula pode liderar um processo de reconstrução do país. E, consciente do seu papel, ele já cumpre a missão, edificando pontes com aqueles que já estiveram do outro lado, mas, por nutrir valores democráticos, podem e devem estar juntos neste processo de retomada democrática do país – ressalta. Assinam a carta a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, o presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, o presidente do Instituto Lula, Marcio Pochmann e os líderes do PT na Câmara, Reginaldo Lopes, e no Senado, Paulo Rocha. Esta semana, em entrevista a uma emissora de rádio paulista, Lula disse esperar que o PT “compreenda a necessidade de fazer aliança (com Alckmin)”.
Geraldo Alckmin concorreu à presidência nas eleições de 2018. Em dezembro de 2021 ele deixou o PSDB, sigla à qual esteve filiado por 33 anos. A desfiliação ocorreu após o partido escolher o governador de São Paulo, João Doria, como pré-candidato à presidência. Outrora afilhado político de Alckmin, Doria apoiou a eleição de Jair Bolsonaro, com quem rompeu posteriormente. O ex-tucano ainda não assinou filiação a um novo partido, mas a expectativa é de que ele migre para o PSB, com quem o PT está em vias de formar uma federação para as eleições deste ano. A carta antecede a realização de um seminário com bancadas do PT na Câmara e no Senado, previsto para os dias 31 de janeiro e primeiro de fevereiro. Segundo informações do site “Congresso em Foco”, o encontro busca alinhar o discurso dos parlamentares e definir as prioridades da oposição, visando subsidiar os candidatos para as eleições deste ano.
Este encontro é destacado na carta que o PT irá divulgar. “Ele (o seminário) foi concebido para buscar uma melhor compreensão do cenário em que estamos inseridos, para assim construir com a oposição e com os setores democráticos a luta contra o processo de destruição de conquistas obtidas ao longo de décadas ou de séculos”, registram os autores. O evento acontece na Câmara, de maneira híbrida, isto é, com participações via internet. No dia seguinte, as bancadas voltam a se reunir, mas de maneira reservada, para traçar estratégias de atuação. O ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff irão participar com falas na abertura do seminário.