Uma matéria assinada por Lucas Rocha e publicada na “Revista Fórum”, informa que o ministro da Saúde, o paraibano Marcelo Queiroga, parece ter se deslumbrado com o cargo no governo federal e sonha em “entrar para a história” com uma responsabilidade “que está longe de ser dele”. E prossegue: “Pau mandado do presidente Jair Bolsonaro, Queiroga acredita que pode ser o homem que acabou com a pandemia de Covid-19. O Brasil registra mais de 624 mil mortes pelo vírus Sars-Cov-2, metade delas ocorrida durante a gestão de Queiroga, que sucedeu ao general Pazuello no ministério.
“Eu quero que a história me defina como o homem que acabou com a pandemia da Covid-19”, disse Queiroga em entrevista a Renata Mariz, Melissa Duarte e Thiago Bronzatto, de O Globo. O bolsonarista se comparou ao sanitarista Carlos Chagas, um dos maiores nomes da medcina brasileira da história. “Admiro muito o Carlos Chagas. Não que eu seja nem um décimo do que ele foi. Deveria ter recebido o Prêmio Nobel de Medicina pelas pesquisas em relação à doença de Chagas. Então, eu quero ser lembrado dessa forma”, disse o cardiologista. Queiroga foi o quarto ministro a assumir a pasta da Saúde do governo Jair Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19. O ministro, que colhe os louros do avanço da vacinação contra a Covid-19, se curvou diversas vezes às decisões do presidente.
A matéria insinua que Marcelo Queiroga nunca rebateu publicamente a campanha negacionista em prol da hidroxicloroquina nem defendeu o isolamento social rígido. Durante a vacinação infantil, ele teria exposto sua face mais lamentável. Patrocinou uma campanha antivacina, colocando em dúvida a segurança do imunizante pediátrico e participando de um episódio deplorável ao lado da ministra Damares Alves, dos Direitos Humanos, em que ambos visitaram uma menina de dez anos que teve uma parada cardíaca na terça-feira, 18, 12 horas após ser vacinada contra a Covid-19. A visita foi feita após o Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo, composto por inúmeros especialistas, concluir que a parada cardíaca da criança não teve nenhuma relação com o imunizante.
“O ministro ainda mentiu dizendo que haveria 4 mil mortes comprovadamente relacionadas às vacinas contra a Covid-19 no Brasil, enquanto boletim do ministério aponta para 11 casos”, afirma Lucas Rocha na matéria. O relatório final da CPI da Covid no Senado, aprovado por 7 votos a 4 no dia 26 de novembro, solicitou o indiciamento do ministro Marcelo Queiroga junto a outras 77 pessoas e duas empresas (Precisa Medicamentos e VTC Log). O texto foi entregue à Procuradoria-Geral da República, ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Penal Internacional de Haia. O ministro foi acusado de crime de epidemia com resultado em morte e prevaricação. O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, foi acusado por: crime de epidemia com resultado de morte (até 30 anos de prisão), infração de medidas sanitárias preventivas (até um ano de prisão), charlatanismo (até um ano de prisão), incitação ao crime (até 6 meses de prisão), falsificação de documento (até 5 anos de prisão), emprego irregular de verba pública (até 3 meses de prisão), prevaricação (até l ano de prisão), crimes contra a humanidade (até 40 anos de prisão). Há três modalidades de crimes contra a humanidade listadas: extermínio, perseguição e outros atos desumanos.