O PSDB aguarda a definição do Cidadania e espera em breve consolidar uma “federação” partidária nas eleições deste ano, segundo revela o jornal “O Estado de S. Paulo”. Para os tucanos, o acordo simbolizaria a primeira convergência à pré-candidatura do governador de São Paulo, João Doria, à presidência da República. O partido presidido por Roberto Freire, no entanto, terá de superar resistências internas. Na prática, como o modelo só permite um candidato, a avaliação nas duas legendas é de que a união sepultaria a postulação do senador Alessandro Vieira (SE), pré-candidato ao Palácio do Planalto pelo Cidadania.
Na Paraíba, as resistências são fortes, principalmente do governador João Azevêdo, candidato à reeleição, eleitor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas, também, do deputado federal Pedro Cunha Lima, pré-candidato ao governo do Estado pelo PSDB, que faz oposição ao atual governante. Entre aliados de Azevêdo, uma certeza: o governador deixará o Cidadania na hipótese de federação, já estando em articulação com outros partidos políticos, como o PSB e PSD, para se filiar a fim de garantir sua candidatura a um novo mandato. Ontem, durante live promovida pelo grupo Parlatório, João Doria voltou a defender a união de pré-candidatos do “centro-liberal” e disse que o PSDB está “adicionando” o Cidadania. A Executiva Nacional aprovou na semana passada, por unanimidade, o entendimento para a formação de uma federação partidária com o Cidadania.
O governador paulista chegou a publicar uma mensagem cumprimentando o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, e Roberto Freire “pela ótima decisão de criar uma federação partidária”. A manifestação, contudo, foi prontamente contestada por Alessandro Vieira, que incluiu o Podemos, que tem como pré-candidato o ex-juiz Sergio Moro, como opção de acordo. Para o senador, a possibilidade de uma federação “exige ajuste coerente de programa comum e garantia de mecanismos justos e transparentes de atuação durante quatro anos, em especial para a definição de candidaturas e formação de chapas em todas as esferas, sem imposições”. Hoje, a Executiva do Cidadania vai se reunir para convocar o diretório nacional, que possui 112 integrantes, a decidir sobre a questão. Além do PSDB e Podemos, PDT e MDB também dialogam com o Cidadania. Vieira vê resistência em pelo menos seis unidades da Federação – Paraíba, Rio, Pará, Minas Gerais, Distrito Federal e o Acre.
Já o deputado estadual João Vítor Xavier, presidente do partido em Minas Gerais e contrário à federação, afirmou que 16 diretórios estaduais já manifestaram resistência à aliança com o PSDB. Entre eles, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Sergipe. Ao “Estadão”, Vieira disse que “a resistência à federação é justa” e que se a ideia for adiante, precisa de regras muito transparentes. “Mas eu não vejo essas regras postas e, se elas não forem colocadas com clareza, eu me posicionarei de forma contrária”, afirmou o parlamentar, um dos expoentes do grupo Muda Senado, criado em meados de 2019 com uma pauta de renovação das práticas políticas na Casa e defesa do combate à corrupção. Recentemente, Vieira chamou a atenção por sair em defesa de Moro e pedir que a Procuradoria-Geral da República investigue o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, por suposto abuso de autoridade. Ele é relator do processo no TCU que apura o contrato de Moro com a consultoria Alvarez & Marsal.